Estágios para universitários : representações e implicações na inserção profissional dos jovens brasileiros e franceses

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Atualmente, nota-se o crescimento do número dos estágios para universitários, constituindo um elemento importante na complementação da sua formação. Esta estratégia tem sido utilizada em diferentes países para redução das dificuldades dos jovens em sua inserção profissional. Porém, os estudantes têm tido dificuldades para encontrar oportunidades de trabalho dada a situação econômica, da crise do sistema de contratação que leva à existência de trabalhos cada vez mais precarizados em todos os níveis da sociedade, sobretudo entre os jovens que almejam ingressar no mercado de trabalho atual. Assim, o objetivo desta tese é compreender quais as representações dos universitários sobre a experiência de estágio e suas implicações para sua inserção profissional no atual contexto socioeconômico brasileiro e francês. Adota-se uma postura construtivista, que explora na teoria como os conceitos foram construídos ao longo do tempo e busca-se uma vertente que permita sua compreensão como fenômeno que se constroi nas relações sociais. Para realização da pesquisa foram levantados documentos (artigos, manuais de orientação, leis e decretos) e entrevistados 32 estudantes franceses e 31 brasileiros, que foram analisados segundo a abordagem das práticas discursivas (SPINK, 2004). No Brasil, os estágios estão recebendo atenção central por parte do Estado, que em 2008 promulgou a nova lei de orientação dos mesmos, que indica o papel central das universidades e atribui aos estudantes alguns direitos similares aos dos trabalhadores. Na prática, a partir da análise das entrevistas, os estágios têm constituído um mercado que incorpora vários aspectos similares aos do mercado de trabalho, como os modos de seleção, requisitos demandados, tarefas realizadas e responsabilidades assumidas pelos estagiários, bem como uma série de disfunções que acabam dando ao mesmo um caráter de trabalho precário. Em meio a tais condições, as representações que emergem mostram os estágios mais próximos de uma relação de trabalho do que das de ensino. Dada a diversidade de caminhos que se constroem a partir da experiência de estágio, os estudantes estabelecem trajetórias de inserção (emprego formal, desenvolvimento acelerado, empreendedorismo, função pública e carreira acadêmica) que esperam percorrer. Na França, embora também pesem as mudanças no mercado de trabalho, a atuação próxima das instituições de ensino assegura, pelo menos em parte, o caráter de formação dos estágios. O mercado de estágios francês é regulado pela instituição à qual o aluno está vinculado, que pode ou não ter um acompanhamento próximo. As organizações, embora tenham ampliado as exigências de competências, sobretudo, técnicas e comportamentais, por vezes ligadas a uma experiência anterior, têm tratado, predominantemente, os estágios como um período de formação. Nesse cenário as representações que surgem estão vinculadas à idéia de inserção profissional e o risco da precariedade que há neste percurso. Entre as expectativas de inserção destaca-se para a maioria o caminho do emprego formal e, para alguns, a busca por um cargo elevado de chefia.

ASSUNTO(S)

youth estágio inserção profissional job market mercado de trabalho professional insertion intership

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