Espaço e reprodução social na periferia da metrópole de Belo Horizonte: a experiência da "Família Popular"

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo estabelecer uma reflexão acerca da periferia e sua relação com o centro, das vivências e experiências na metrópole da perspectiva daquela espacialidade. Para tanto, voltamo-nos para a realidade empírico-concreta do Alto Vera Cruz, a qual se localiza na porção periférica Leste da metrópole de Belo Horizonte. Procuramos pensar as periferias em sua dinâmica própria, com suas tensões, conflitos e contradições, mas sem separá-las do conjunto das relações e processos mais amplos de reprodução de relações sociais, os quais têm, na metrópole, talvez a sua manifestação mais acabada. A família que chamamos nessa pesquisa de popular e sua realidade familiar se constituiu numa importante dimensão de análise para nós. A reflexão acerca dessa realidade familiar e a qualidade das vivências e experiências que dão os diversos sentidos e significados à cotidianidade de seus membros nos permitiram, por exemplo, as primeiras aproximações com as atuais políticas estatistas formuladas e implementadas numa periferia metropolitana como o Alto Vera Cruz. Formulação e implementação essas que se dão pela articulação intersetorial de políticas sociais, as quais englobam, entre outras, as políticas habitacionais e de assistência social em Belo Horizonte. Os pressupostos teóricos de tais políticas estão ancorados na noção de vulnerabilidade e risco social, tendo no resgate de vínculos familiares e comunitários a sua principal metodologia. Concomitantemente, nossa análise perpassou, no âmbito da reprodução social na metrópole de Belo Horizonte e de suas periferias, a reprodução individual e familiar sob o imperativo daquilo que foi por nós chamado de monetarização generalizada das relações sociais, bem como a reprodução ampliada da proletarização como seu resultado e também sua condição. E foi por meio de depoimentos e histórias de vida que pudemos ter elementos empíricos que nos disseram sobre as redefinições de antigos vínculos de solidariedade e de reciprocidade presentes numa periferia metropolitana como o Alto Vera Cruz. Outrossim, incursionamos no debates situados entre a idéia de crise na família contemporânea e a hipervalorização das possibilidades abertas pelas transformações nos aspectos institucionais da realidade familiar, na dinâmica de suas relações internas e as identidades pessoais e sociais de seus membros. Por fim , explicitamos aqui a hipótese teórica que foi se constituindo ao longo de nossa pesquisa, tendo em vista que ela partiu de uma realidade em processo, na perspectiva de mudanças e transformações possíveis e impossíveis, senão vejamos. Se se concebe como verdadeira a crise de reprodução dos fundamentos da família moderna, inscritos a partir de sua matriz burguesa instituída a partir de um modelo de personalidade, de moralidade de disposição de comportamento, enfim de uma experiência do espaço e do tempo sem precedente similiar pode-se dizer que ela se imbrica às amplas transformações contemporâneas do capitalismo enquanto formação econômico-social. Nesse sentido, poderíamos incialmente afirmar que as condições atuais da re-produção de relações sociais nas metrópoles de nosso tempo são essenciais para compreendermos a natureza do vínculo social e como a ela se acham imbricadas as redes de relações pessoais e familiares.

ASSUNTO(S)

família tese. espaço urbano tese. belo horizonte (mg) tese. política social tese.

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