Epidemiologia molecular do HIV-1, resistência aos antirretrovirais em gestantes e transmissão vertical no estado de Goiás / Molecular epidemiology of HIV-1, antiretroviral resistance among pregnant women and mother-to-child transmission in Goias, central Western, Brazil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/10/2010

RESUMO

Introdução: O avanço da epidemia de aids em mulheres jovens e a transmissão materno-infantil do HIV-1 (TMI) representam importantes temas de saúde pública. Neste contexto, a assistência pré-natal representa uma oportunidade única para o diagnóstico da infecção pelo HIV-1 e implementação precoce de medidas profiláticas para TMI. Objetivos: Estudar as características imunológicas, virais, clínicas, epidemiológicas e identificar fatores associados à transmissão materno-infantil do HIV-1 entre gestantes infectadas pelo HIV-1/filhos recrutados no estado de Goiás. Material e métodos: Coorte 1: 41 pares mães HIV/aids-filhos (abril/2000-agosto/2001) recrutados e acompanhados prospectivamente em dois centros de referência regionais (Hospital Materno Infantil/HMI/SUS; Hospital Dr. Auar Auad/HAA/HDT/SUS). Coorte 2: 172 mães HIV/aids-149 filhos recrutados no Instituto de Diagnóstico e Prevenção/IDP/APAE e acompanhados prospectivamente no HAA/HDT/SUS. Foram avaliados viremia plasmática materna, contagem de células T CD4+, subtipos de HIV-1 nas regiões env/gag pelo ensaio da mobilidade de heteroduplex (HMA) para coorte 1 e sequenciamento gene pol (protease e transcriptase reversa-PR/RT) para identificar mutações de resistência aos antirretrovirais e subtipos do HIV-1 e análise filogeográfica das seqüências do subtipo C da coorte 2. As crianças filhas de mães HIV/aids foram submetidas a testes para quantificação do RNA HIV-1 plasmático e das células T CD4+. Nas crianças não infectadas a sororreversão foi acompanhada sequencialmente por ELISA para IgG anti HIV-1/2. Resultados: As pacientes da coorte 1 e 2 apresentaram características sócio-demográficas e clínicas semelhantes. A mediana de idade foi 26 anos (variação 15-41 anos), a maioria tinha baixa escolaridade e foi diagnosticada durante a gestação (90%). Mais de 80% recebeu profilaxia ARV para TMI. Na coorte 1 foi observado um caso de TMI associado a curta exposição à profilaxia e longo trabalho parto. Entre crianças expostas/nãoinfectadas a sororreversão foi mais rápida entre os nascidos de mães sintomáticas. A coorte 2 representou 80% do total de gestantes HIV-1+ do Estado de Goiás no período. A introdução precoce da profilaxia e viremia indetectável predominaram nas pacientes com diagnóstico anterior à gestação (p<0.05). Uma paciente virgem de tratamento apresentou resistência transmitida; 10 pacientes apresentaram resistência secundária: 6 sob profilaxia, 4 sob HAART. Entre os casos de TMI (3/149; 2.01%) observamos diagnóstico tardio, parto vaginal, amamentação e ausência do AZT oral e mutações de resistência não foram detectadas. Resultados do HMA (coorte 1) e do sequenciamento automatizado (coorte 2) em gestantes de Goiás mostraram a circulação dos subtipos B, F1 e recombinantes, principalmente BF1 nas regiões env/gag e pol do HIV-1. O subtipo C só foi detectado na coorte 2 e juntamente com os recombinantes BC representaram em torno de 20% dos isolados. HIV-1 subtipo C, originado do sul do país, foi detectado em gestantes de municípios do interior de Goiás por onde passam importantes vias de ligação sul-norte (BR153), sul-nordeste (BR020) e sulcentro-oeste/Mato Grosso (BR070/BR364). Análises filogenética/filogeográfica do subtipo C mostraram um clado monofilético formado por sequencias de Goias e da região Sul e de São Paulo e evidências de múltiplas introduções em Goiás. Conclusão: Nossos resultados indicam que o programa pré-natal de alta cobertura em Goiás representa uma importante oportunidade para diagnósttico e prevenção precoce de transmissão vertical do HIV-1. Entretanto os 3 casos de TMI observamos diagnóstico tardio e perda de oportunidade para a profilaxia completa da transmissão vertical do HIV-1. Múltiplas introduções e a disseminação do subtipo C por contato heterossexual no interior indicam a necessidade de monitoramento da diversidade genética e do impacto da disseminação do subtipo C no interior do Brasil. OBS: + está sobrescrita onde aparece e o programa não copia.

ASSUNTO(S)

hiv-1 transmissão materno-infantil resistência diversidade genética ciencias da saude hiv-1; transmissão vertic; resistência; div genéticagoiás (estado) hiv-1 mother-to-child transmission resistance genetic diversity

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