Epidemiologia clínica e molecular de Staphylococcus aureus resistentes a meticilina carreadores de cassete cromossômico estafilocócico mec tipo IV de pacientes atendidos em hospital universitário de Porto Alegre
AUTOR(ES)
Silva, Letícia Vale Scribel da
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Staphylococcus aureus é um patógeno humano comum, causador principalmente de infecções de pele na comunidade e infecções em diversos sítios em ambiente hospitalar. Desde a última década, tornou-se motivo de preocupação devido ao aumento na incidência de infecções por cepas resistentes a meticilina (methicillinresistant S. aureus [MRSA]) na comunidade sem os clássicos fatores de risco associados. O cassete cromossômico SCCmec (staphylococcal cassette chromosome) tipo IV, carreador do gene mecA (responsável pela resistência à meticilina/oxacilina), está associado predominantemente ao MRSA comunitário e ao denominado clone pediátrico do MRSA, causador de infecções hospitalares. Isolados de MRSA comunitário normalmente produzem uma toxina chamada Panton-Valentine leukocidin (PVL), associada à destruição dos leucócitos e à necrose tecidual. MRSA carreadores de SCCmecIV do clone Oceania Southwest Pacific (OSPC), foram relatados no Brasil causando principalmente infecções de pele e tecidos moles em pacientes de Porto Alegre. Entretanto, pouco se conhece sobre as características clínicas dos casos ocorridos no Brasil. Este estudo objetivou descrever a epidemiologia clínica e molecular associada ao MRSA carreador de SCCmecIV em pacientes atendidos em hospital universitário de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. De julho de 2006 a junho de 2008 foram selecionados isolados de MRSA isolados de pacientes provenientes do Hospital São Lucas da PUC-RS, que apresentaram resistência à oxacilina e a não mais que três antibióticos não -ß lactâmicos. Foi realizada análise molecular por Reação em Cadeia Polimerase (Polimerase Chain Reaction [PCR]) para detecção dos genes mecA e lukF-pv (que codifica a toxina PVL), teste de restrição modificado (RM) para identificar o complexo clonal a que as amostras pertencem e eletroforese em campo pulsado (Pulse Field Gel Electrophopresis -PFGE) para a identificação dos clones de MRSA isolados. As características clínicas foram revisadas nos prontuários médicos dos pacientes. Vinte um isolados de 13 pacientes preencheram critérios de inclusão. Somente o primeiro foi considerado para análise molecular. Os 13 isolados foram carreadores de SCCmecIV e pertenciam a duas linhagens diferentes: complexo clonal (CC) 30 (relacionado ao clone OSPC, 11 isolados) e CC5 (relacionado ao clone pediátrico, 2 isolados). Seis isolados apresentaram PFGE padrão A1; outros 5 isolados foram relacionados ao clone A1 (A2 ao A4). Outros dois isolados apresentaram PFGE padrão B (os dois do CC5). Todas os isolados CC30 eram produtoras de PVL. Cinco pacientes apresentaram infecção associada a cuidados de saúde (IACS), com início hospitalar; cinco apresentaram IACS com início comunitário; e apenas três associadas à comunidade (CA) sem fatores de risco para MRSA. Este estudo apresentou o perfil genotípico e fenotípico de isolados de MRSA carreadores de SCCmecIV presentes em Porto Alegre e demonstrou que isolados do clone OSPC não causam apenas infecções comunitárias no Brasil, mas também podem causar IACS.
ASSUNTO(S)
porto alegre (rs) staphylococcus aureus resistente à meticilina epidemiologia hospitais universitários
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/17452Documentos Relacionados
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