Envolvimento do sistema monoaminérgico no efeito antidepressivo do extrato das folhas de Schinus Molle L. em camundongos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A Schinus molle L. (Anacardiacea), entre outros usos, é popularmente utilizada para o tratamento da depressão. No presente estudo o efeito dos extratos etanólico e hexânico das folhas de Schinus molle foi investigado em camundongos nos testes de nado forçado (TNF) e/ou suspensão da cauda (TSC), modelos preditivos de atividade antidepressiva. O extrato etanólico (600-1000 mg/kg, p.o.) reduziu significativamente o tempo de imobilidade no TSC e provocou redução na locomoção dos animais no teste do campo aberto (TCA), mas não alterou o tempo de imobilidade no TNF. O extrato hexânico reduziu significativamente o tempo de imobilidade no TSC (30-600 mg/kg, p.o.), sem alterar a locomoção no TCA. A eficácia do extrato hexânico foi comparável a da fluoxetina (10 mg/kg, p.o.). A redução do tempo de imobilidade no TSC provocada pelo extrato hexânico (100 mg/kg, p.o.) foi prevenida pelo pré-tratamento dos camundongos com p-clorofenilalanina metil éster (PCPA, 100 mg/kg, i.p., inibidor da síntese de serotonina, por 4 dias consecutivos), NAN-190 (0,5 mg/kg, i.p., antagonista de receptores 5HT1A), WAY100635 (0,1 mg/kg, s.c., antagonista seletivo de receptores 5HT1A), cetanserina (5 mg/kg, i.p., antagonista de receptores 5HT2A/2C), MDL 72222 (0,1 mg/kg, i.p., antagonista de receptores 5HT3), prazosim (1 mg/kg, i.p., antagonista de receptores α1-adrenérgicos), ioimbina (1 mg/kg, i.p., antagonista de receptores α2-adrenérgicos), SCH 23390 (0,05 mg/kg, s.c, antagonista de receptores D1) ou sulpirida (50 mg/kg, i.p., antagonista de receptores D2). A rutina (1 mg/kg, p.o) isolada do extrato etanólico e a fração I (6-17) isolada do extrato hexânico, a qual corresponde a uma mistura de ésteres de ácidos graxos (10 mg/kg, p.o) reduziram significativamente o tempo de imobilidade no TSC, sem provocar alteração na locomoção no TCA. Porém, as frações II (33-34; composta por uma mistura de álcoois graxos) e III (43-45; mistura de triterpenos), isoladas do extrato hexânico, não alteraram o tempo de imobilidade dos animais no TSC. Podemos concluir que o extrato hexânico de Schinus molle produz efeito antidepressivo no TSC, o qual parece ser dependente de uma interação com os sistemas serotoninérgico, noradrenérgico e dopaminérgico. Os resultados fornecem evidência que o extrato hexânico de Schinus molle compartilha efeitos farmacológicos semelhantes aos de antidepressivos clássicos, pelo menos em nível pré-clínico e que os ésteres de ácidos graxos (fração 6-17) podem ser responsáveis pela ação deste extrato no TSC. O extrato etanólico de Schinus molle também foi eficaz em diminuir o tempo de imobilidade no TSC, sendo que o constituinte isolado rutina parece contribuir para o efeito antidepressivo do mesmo.

ASSUNTO(S)

norepinefrina neurociências neuropsicofarmacologia depressão mental dopamina serotonina plantas medicinais schinus molle - uso terapeutico - avaliação

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