Entre “ós”, “ais” e “jaguanhenhéns”: voz e linguagem em Padre Antônio Vieira e Guimarães Rosa a partir de Nuno Ramos
AUTOR(ES)
Santos, João Guilherme Dayrell de Magalhães
FONTE
Estud. Lit. Bras. Contemp.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2018-08
RESUMO
resumo O artigo toma por objeto a articulação voz e linguagem na obra Ó (2008), de Nuno Ramos, atentando à correlação desta bipartição à polaridade cultura e natureza, conforme consta na Política, de Aristóteles. Infere-se que Ramos elabora uma descida da linguagem à voz, procedimento que pode ser entendido como a inversão do esquema traçado por Padre Antônio Vieira no sermão “Nossa senhora do ó” (1640), no qual a voz é submetida à linguagem, o corpo ao espírito. Doravante, elegeremos o conto “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa, como um possível precursor da expressão “ó” por fazer o ruído animal atravessar a comunicação, embora nossa conclusão seja a de que Nuno Ramos propõe uma decida de mão única do espírito à animalidade, do lógos à phoné, o que nos permitiria vincular sua humanista teoria da separação entre cultura e natureza àquela proposta pelo filósofo Giorgio Agamben; enquanto em Rosa haveria um procedimento perspectivista, como o teorizado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, segundo o qual a natureza seria capaz também de possuir linguagem, saber.
ASSUNTO(S)
nuno ramos padre antônio vieira guimarães rosa linguagem voz natureza cultura
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