Ensino de língua portuguesa escrita na educação bilíngue de surdos: questões a partir de narrativas de professores da Baixada Fluminense

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Estud. Pedagog.

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/01/2020

RESUMO

Resumo: A Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/2005 determinam o ensino de língua portuguesa escrita para surdos, o que é corroborado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024. Essas determinações impactam a formação docente e o fazer pedagógico nos anos iniciais, especialmente em contextos bilíngues e em espaços geograficamente identificados como periferias urbanas. Este artigo, de caráter original, discute como professores que atuam em salas de aula inclusivas e bilíngues percebem os desafios decorrentes do ensino de língua portuguesa escrita para surdos. Com base em princípios da pesquisa-ação, analisaram-se narrativas de professores dos anos iniciais da educação bilíngue de surdos da Baixada Fluminense. Buscou-se, nessas narrativas coletadas em um curso de extensão sobre ensino de português escrito como segunda língua, mapear concepções e expectativas dos professores em relação à aprendizagem de português escrito por surdos. Os resultados permitem, na concepção dos professores, apontar questões como: a essencialidade do entendimento da aprendizagem do português escrito por alunos surdos, na perspectiva da interculturalidade, como forma de ampliar horizontes culturais e de relacionamento com os outros; a necessidade de espaços de compartilhamento de saberes e fazeres docentes; o resgate de conhecimentos que permitam pensar pedagogicamente sobre saberes e fazeres; e o destaque do planejamento e de proposição de atividades que atendam às especificidades do ensino de português escrito como segunda língua para surdos (PL2S).Abstract: Both the Law 10.436/2002 and the Decree 5.626/2005 enforce the teaching of written Portuguese for deaf people, which is reinforced by the National Plan for Education (or Plano Nacional da Educação, in Portuguese) for 2014 - 2024. These legal ordinances affect teacher education and their pedagogical practices within primary school, especially in bilingual contexts and in the geographical areas called urban peripheries. This original article discusses how teachers who work in inclusive and bilingual classrooms perceive the challenges rose by the teaching of written Portuguese for deaf. The narratives of primary teachers of deaf bilingual education at Baixada Fluminense are analyzed with basis on the action-research principles. Within these narratives gathered at an extension course on the teaching of written Portuguese for the deaf, the aim was to identify teachers’ conceptions and expectations in relation to deaf students’ learning of written Portuguese. According to the teachers’ conceptions, the results point towards issues such as: the essentiality in understanding the learning of written Portuguese by the deaf, in an intercultural perspective, as a way of broadening cultural and interpersonal relationship horizon; the need for spaces to share theoretical and practical knowledge; the recovery of knowledge that lead to a pedagogical thinking; and the highlight to the planning and proposition of activities that satisfy the specificities of the teaching of written Portuguese as a second language (PL2S) for the deaf.

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