Em nome da liberdade : o esgotamento do sistema de moradia e o aumento do poder de barganha de voto em Atalaia no perÃodo de 1988 a 2000

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

NÃo hà como compreender o Brasil sem estudar a cana-de-aÃÃcar e as relaÃÃes sociais que ela produziu e continua a produzir na sociedade brasileira. O cultivo da cana e a produÃÃo do aÃÃcar estÃo na raiz de grande parte dos vÃnculos sociais caracterizadores da sociedade brasileira. Cana e aÃÃcar compÃem mais do que uma atividade fundamental para a economia brasileira em todos os tempos. Juntos dÃo forma a um fenÃmeno social profundamente encravado na alma de nossa gente e na cultura do nosso paÃs. Este estudo sobre as mudanÃas nas relaÃÃes de trabalho, moradia e voto do universo canavieiro se inspira no esforÃo de compreensÃo das relaÃÃes sociais e polÃticas do Nordeste, que, devido Ãs condiÃÃes e conformaÃÃes histÃricas das realidades particulares tÃm dinÃmicas diferentes em cada Estado. Um exemplo disso à o fato da luta por direitos e por reforma agrÃria estar se dando em Alagoas quase trÃs dÃcadas depois de toda a agitaÃÃo polÃtica ocorrida em Pernambuco nos anos 60. No mundo canavieiro temos assistido a um esvaziamento do rural/privado enquanto espaÃo de moradia e a uma dinamizaÃÃo do urbano/pÃblico. Uma das causas principais desse fenÃmeno à a reestruturaÃÃo produtiva e as mudanÃas por que passam as relaÃÃes de trabalho na sociedade capitalista. Uma das conseqÃÃncias desse movimento à o surgimento de novas relaÃÃes polÃticas na regiÃo canavieira. Os modelos teÃricos que explicam estas relaÃÃes como de assimetria e de dÃdiva unilaterais precisam ser revistos, pois nÃo dÃo conta da realidade, se à que um dia deram. à preciso estar atento aos sinais de autonomia polÃtica dos trabalhadores que as novas relaÃÃes revelam. Fora do ambiente rural/privado representado pela fazenda e vivendo no universo urbano/pÃblico que corresponde ao povoado, à vila ou à periferia da cidade, o trabalhador conquista mais liberdade. Isso se manifesta de diferentes formas. O ingresso na JustiÃa do Trabalho para reclamar direitos, a mudanÃa ou a recusa de um tipo de relaÃÃo de trabalho e as negociaÃÃes que realiza nos perÃodos eleitorais sÃo indicadores de que o trabalhador â dentro da pequena margem de manobra que a condiÃÃo de subempregado e de graves carÃncias matÃrias que marcam a sua existÃncia â assume o comando das suas vontades. As eleiÃÃes municipais sÃo a arena principal na qual os trabalhadores vÃm demonstrando mais poder, mais autonomia e forÃa para barganhar. Mas isso nÃo à tudo. As aÃÃes humanas nÃo obedecem a uma lÃgica de pura racionalidade. As relaÃÃes de dÃdiva compÃem uma dimensÃo importante nas relaÃÃes sociais e polÃticas do Nordeste e da sociedade brasileira e ajudam na relativizaÃÃo do poder dos trabalhadores, mas tambÃm indicam que as classes dominantes tambÃm precisam fazer concessÃes para garantir o seu domÃnio

ASSUNTO(S)

moradia â poder e voto canade-aÃÃcar â aspectos sociais e polÃticos sociologia

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