Efeitos do arsênio em raízes de plântulas de Cajanus cajan (L.) DC (Fabaceae) / Arsenics effects in seedlings of Cajanus cajan (L.) DC (Fabaceae) roots

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A contaminação ambiental por arsênio (As) constitui um problema sério em várias regiões do mundo, visto que este elemento apresenta elevada toxidade para os seres vivos. Metodologias físico-químicas para detecção deste poluente no ambiente são bastante laboriosas, sendo o uso de espécies vegetais sensíveis uma boa alternativa para processos de bioindicação. Avaliações dos efeitos tóxicos do As em raízes de plântulas de Cajanus cajan (Fabaceae) foram realizadas após exposição ao poluente. Para isso, procedeu-se a análise do crescimento das raízes laterais e principal; caracterização anatômica, incluindo análises micromorfométricas e histoquímica; e avaliação da genotoxidade, por meio da determinação do índice mitótico. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação, na Unidade de Crescimento de Plantas da Universidade Federal de Viçosa. No primeiro experimento, plântulas de C. cajan foram expostas, em solução nutritiva, às concentrações de 0,0 e 1,5 mg L-1 de As, na forma de arsenato de sódio, durante dez dias consecutivos. No experimento posterior foram utilizadas as concentrações de 0,0; 0,5; 1,0 e 2,0 mg L-1 de As e a exposição teve duração de três dias. A sensibilidade de C. cajan foi confirmada. Verificou-se que o As promoveu redução no crescimento da raiz principal e das laterais, estas últimas não visualizadas no tratamento com 2,0 mg L-1 de As. Contudo, microscopicamente, foi possível notar que os primórdios foram formados, mas permaneceram retidos no córtex. Notou-se que as raízes adquiriram aspecto gelatinoso e coloração escurecida com o passar do tempo de exposição. Também foram detectados problemas na formação da coifa e encurvamento do ápice radicular. A anatomia mostrou ser uma ferramenta eficiente na detecção da sensibilidade de C. cajan. Alterações anatômicas mais severas, como desintegração tecidual, nas regiões adjacentes às raízes laterais, na zona de ramificação, sugerem que esta possa ser uma importante via de entrada do poluente. Nessa mesma região células do felogênio e do câmbio apresentaram formato e planos de divisão incomuns, o que acarretou a formação de um xilema secundário assimétrico. Na zona de alongamento foram observadas células com formato alterado, indicando perda de turgidez celular. O As promoveu aumento na proporção ocupada pelo cilindro vascular, redução na proporção de espaços intercelulares no córtex, em função do maior adensamento celular nessa região, e também redução na área, em secção transversal, dos elementos de vaso. O teste histoquímico revelou acúmulo de compostos fenólicos na região do cilindro vascular e acúmulo de pectinas ao redor da raiz, possivelmente em função da ocorrência de alterações na composição química e/ou da estrutura da parede celular. A determinação do índice mitótico nos ápices radiculares evidenciou que o As apresenta elevado grau de genotoxidade, uma vez que houve um decréscimo no número de células em divisão mitótica com o incremento de As na solução nutritiva. Esse fator, aliado à redução nas taxas de alongamento celular, observada nas células corticais, são fatores que explicam a redução nas taxas de crescimento radicular.

ASSUNTO(S)

cajanus cajan anatomia vegetal arsênio cajanus cajan arsenic botanica plant anatomy

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