Efeitos da deltametrina na excitação e condução cardíaca e na resposta ao estresse oxidativo em ratos Wistar / Effects of deltamethrin in the stimulation and cardiac conduction and in the response to oxidative stress in Wistar rats

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/07/2011

RESUMO

As doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar em causas de morte no mundo e, segundo pesquisas, estas podem estar associadas ao estresse oxidativo - desequilíbrio entre produção de radicais livres e defesas antioxidantes. O tratamento e prevenção não farmacológico, dessas doenças, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), considerando os hábitos alimentares, consiste em aumentar o consumo de frutas, hortaliças, cereais integrais e grãos, devido as suas propriedades antioxidantes, assim como aos efeitos fisiológicos das fibras alimentares também presentes nessas fontes alimentares. Por outro lado, estudos mostram que algumas substâncias xenobióticas podem estar presentes nos alimentos, como por exemplo, os inseticidas piretróides, aumentando o risco do desenvolvimento ou agravamento de alterações cardiovasculares e, ao mesmo tempo, desestruturando as defesas antioxidantes e produzindo radicais livres nocivos às células, colocando em risco a saúde humana. É inquestionável a necessidade do uso de agrotóxicos na produção agrícola, em programas de saúde pública, na saúde animal, bem como na silvicultura. O não cumprimento da legislação em vigor tem sido uma realidade preocupante, pois coloca em risco a saúde dos trabalhadores que manipulam essas substâncias, as pessoas que consomem os alimentos e o ecossistema. Assim, pesquisas que dimensionem os efeitos adversos que os agrotóxicos podem causar na saúde humana, contribuem com o cumprimento da legislação específica e, até mesmo, na atualização da mesma. Este trabalho teve por objetivo avaliar a exposição aguda, por via oral, de deltametrina, agrotóxico da classe dos piretróides, na excitação e condução cardíaca e no estresse oxidativo em ratos Wistar machos adultos, através de parâmetros eletrocardiográficos e da atividade de enzimas antioxidantes nos tecidos cardíacos e hepáticos. O plano de trabalho consistiu na administração aguda, por gavagem, de deltametrina (DMT), com os animais distribuídos em 4 grupos, com 10 animais,pesando em média 200 ± 10g cada, assim constituídos: 1) Grupo controle (5 mL de óleo de milho); 2) Grupo DMT10 [10% do valor da DL50 da deltametrina (3,2 mg/5mL de óleo de milho)]; 3) Grupo DMT25 [25% do valor da DL50 da deltametrina (8 mg/5mL de óleo de milho)]; 4) Grupo DMT100 [100% do valor da DL50 de deltametrina (32mg/mL de óleo de milho)]. No início do ensaio, foi introduzida uma sonda de gavagem nos ratos. Logo após, os animais foram submetidos à anestesia para realização do eletrocardiograma (ECG). Após 5 min de início dos registros do ECG, a DMT foi administrada através de gavagem, conforme o planejamento experimental de cada grupo, registrando-se o ECG por mais 30 min. Após, fez-se o sacrifício dos animais por aprofundamento da anestesia. Foram retirados o fígado e o coração para mensurar a atividade das enzimas: catalase, superóxido dismutase, fosfatase alcalina, glutationa S-transferase e quantificação da glutationa reduzida e do produto da peroxidação lipídica malondialdeído. A deltametrina alterou a condutividade elétrica do coração. O eletrocardiograma mostrou redução significativa da frequência cardíaca e aumento do intervalo RR, indicando bradicardia. Também foi constatado aumento da duração do complexo QRS e redução da amplitude da onda R, o que sugere alterações na excitação ventricular. A amplitude P não foi significativamente diferente, mostrando que a excitação e a condução elétrica atrial não foram prejudicadas. Da mesma forma, os intervalos QT e QTc não foram alterados significativamente, embora o grupo DMT100 para o intervalo QT tenha se mostrado elevado, descartando-se assim, o risco de morte súbita. O segmento ST apresentou infradesnivelamento progressivo, embora não significativo. A onda T mostrou-se positiva e sem alterações significativas, não podendo assim sugerir possibilidade de isquemia miocárdica induzida por deltametrina. As análises bioquímicas mostraram que a deltametrina provocou estresse oxidativo tanto no fígado como no coração. A lipoperoxidação ocorreu nos hepatócitos e não parece ter ocorrido nos miócitos. No fígado, o estresse oxidativo foi confirmado pelo aumento significativo da atividade das enzimas glutationa S-transferase e fosfatase alcalina, aumento da concentração da glutationa reduzida, e significativa redução da atividade das enzimas superóxido dismutase e catalase. Já no coração, o estresse oxidativo foi evidenciado pelo significativo aumento da atividade da catalase e redução significativa da superóxido dismutase e glutationa S-transferase, assim como, pelo aumento da concentração da enzima glutationa reduzida. Em conclusão, este trabalho constatou que a deltametrina, administrada por via oral, diferentes dosagens, em ratos Wistar, causou aumento do estresse oxidativo e este pode ter ocasionado alterações na condução e excitação cardíaca verificadas no presente estudo

ASSUNTO(S)

eletrocardiografia catalase superóxido dismutase estresse oxidativo deltamethrin electrocardiography catalase superoxide dismutase oxidative stress deltametrina

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