Efeitos da administração contínua versus intermitente da nutrição enteral em pacientes críticos

AUTOR(ES)
FONTE

Revista do Hospital das Clínicas

DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

ANTECEDENTES: A alimentação enteral é a modalidade preferida de suporte em pacientes graves com função digestiva aceitável porém incapazes de se alimentar por via oral, entretanto as vantagens da oferta contínua em contraste com a intermitente são rodeadas de controvérsias. Tendo como objetivo identificar os benefícios e as complicações destas técnicas, realizou-se um estudo prospectivo e controlado com casos pareados. PACIENTES E MÉTODOS: Vinte e oito pacientes consecutivos candidatos a alimentação enteral foram divididos em dois Grupos (n= 14), pareados segundo diagnóstico e índice APACHE II.Uma dieta polimérica comercial imuno-estimulante foi administrada por sonda nasogástrica e bomba de infusão na proporção de 25 kcal/kg/dia, em forma de bolo por uma hora a cada três horas (Grupo I), ou continuamente nas 24 horas (Grupo II), durante três dias. Os métodos incluiram antropometria, dosagens bioquímicas, registro de uso de drogas e outras terapêuticas, RX de tórax, circunferência abdominal, resíduo gástrico, e avaliação clínica e nutricional, efetuada no mínimo uma vez por dia. Os principais desfechos colimados neste estudo foram frequência de distensão abdominal e aspiração pulmonar, e capacidade de atingir a meta calórica pretendida. RESULTADOS: Quase metade da população total (46,4%) apresentou resíduos gástricos elevados em pelo menos uma ocasião, porém somente foi registrado um episódio confirmado de aspiração pulmonar (3,6%). Ambos os grupos padeceram de um número moderado de complicações, sem diferenças. O ganho de dieta no Grupo II foi maior no primeiro dia, porém no terceiro dia ambos os grupos exibiam déficits pequenos e semelhantes no ganho dietético, quando comparados com o volume prescrito. CONCLUSÕES: Ambas as modalidades de oferta permitiram a administração prática e eficiente da dieta, com freqüentes anormalidades registradas porém escassas complicações clinicamente significativas. Os dois grupos se comportaram analogamente, com poucas diferenças nos resultados, provavelmente devido à técnica meticulosa, monitorização cuidadosa, rígido pareamento dos pacientes, e volumes modestos da dieta empregados nas duas circunstâncias. Investigações subseqüentes deveriam ser elaboradas com populações, grupos diagnósticos e prescrições dietéticas adicionais, a fim de elucidar as diferenças entre estas modalidades de alimentação comumente usadas.

ASSUNTO(S)

nutrição enteral alimentação por sonda pacientes críticos aspiração pulmonar

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