Efeito da proteinorrauia e da celularidade liquorica na duração efetiva do sistema de derivação ventricular em crianças

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Introdução: Em pacientes hidrocefálicos submetidos à derivação liquórica, habitualmente não se instala sistema interno de derivação ventricular quando a proteína e a celularidade do líquor estão elevadas. Não há informação suficiente na literatura médica que permita avaliar se essa conduta se justifica. Objetivo: Averiguar se a duração efetiva do sistema de derivação ventricular sofre redução com o aumento dos valores de proteinorraquia e de celularidade do líquor no momento de instalação do sistema. Métodos: Foram revisados prontuários de 150 crianças internadas, no período 1992 a 2000, para tratamento de hidrocefalia, sendo selecionados para o estudo 197 procedimentos de derivação ventricular. A avaliação do efeito dos níveis liquóricos de proteína e células sobre a duração efetiva do sistema foi realizada por regressão de Cox, observando-se como variáveis intervenientes: idade, idade gestacional, etiologia da hidrocefalia, ordem de episódios de derivação, intervalo de tempo desde a implantação do sistema interno anterior e duração da derivação ventricular externa (DVE). O efeito de cada uma das variáveis independentes foi estudado individualmente e em regressão multivariada. Essa análise foi realizada separadamente para procedimentos de derivação nos diferentes momentos de instalação do sistema: 1a derivação (99 casos), após complicação mecânica (63 casos) e após complicação infecciosa (35 casos). Cada criança contribuiu com apenas um procedimento para cada grupo. Para cada um desses momentos, a análise foi repetida para as diferentes possibilidades de evento terminal definidor da duração do sistema: complicação subseqüente mecânica, subseqüente infecciosa e ambas. Resultados: No momento 1a derivação, nenhuma das variáveis analisadas interferiu significantemente na duração do sistema. No momento pós-complicação mecânica, a duração do sistema foi reduzida quando intervalo anterior era menor que 6 meses, tanto quando a variável é considerada separadamente como quando entre as outras covariáveis na regressão multivariada (RR: 2,73; IC95%: 1,18 ? 6,30; p: 0,019). A proteinorraquia maior que 200 mg/dl, analisada tanto separadamente como em conjunto, foi responsável por diminuir a duração do sistema (RR: 7,88; IC95%: 1,10 ? 56,45; p: 0,04) quando se considera como evento terminal apenas a complicação subseqüente infecciosa. No momento pós-complicação infecciosa, foram estatisticamente significantes, na análise multivariada, proteinorraquia (RR: 7,73; IC95%: 1,80 ? 33,18; p: 0,006), idade menor que 6 meses (RR: 9,39; IC95%: 2,36 ? 37,44; p: 0,0015) e duração da DVE maior que 15 dias (RR: 0,06; IC95%: 0,01 ? 0,34; p: 0,0014) quando considerados como evento terminal ambos os tipos de complicação subseqüente. Esses resultados permanecem válidos quando a falência do sistema se deve a complicação subseqënte infecciosa, mas não quando considerado o evento terminal a complicação subseqüente mecânica. Conclusão: A celularidade liquórica não influenciou na duração do sistema, dentro das condições desse grupo de pacientes; a proteinorraquia elevada mostrou-se um fator de mau prognóstico para a duração do sistema estando associada à complicação subseqüente infecciosa

ASSUNTO(S)

hidrocefalia liquido cefalorraquidiano

Documentos Relacionados