Efeito da exposição pré-natal à dexametasona e ao lipopolissacáride (LPS) na resposta inflamatória pulmonar alérgica da prole adulta / Effect of perinatal exposure to dexamethasone and lipopolysaccharide (LPS) in pulmonary allergic inflammatory response of adult offspring

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Estudos conduzidos em animais de experimentação e em humanos mostram que o período pré-natal é de suma importância para o desenvolvimento da prole. Estressores de qualquer natureza, se aplicados nesse período, podem promover alterações como baixo peso ao nascer, risco de intolerância à glicose, hipertensão arterial, dislipidemias e asma. O objetivo deste trabalho foi investigar o impacto da exposição de ratas prenhes a "estressores" que alteram a programação do eixo hipotálamo hipófise adrenal (HPA), como corticóides exógenos e endotoxina, sobre a resposta pulmonar alérgica. Para tanto, ratas Wistar prenhes foram submetidas à administração de dexametasona (0.1 mg/Kg, via s.c.; do 17° ao 20° dia gestacional) ou à administração de lipopolissacarídeo (LPS; 7 ?g/Kg, via i.p.; no 17° dia gestacional). A injeção de LPS foi realizada na ausência e na presença de tratamento com aminoguanidina (inibidor da sintase induzível de óxido nítrico; iNOS), oferecida na ingesta hídrica (50 mg/dia) a partir do 13° dia gestacional. Os descendentes adultos foram sensibilizados com ovalbumina (OVA; 200 g). Quatorze dias após a sensibilização, todos os animais foram desafiados com OVA (injeção intratraqueal contendo 2,5 mg/ml em 0,4 ml). Os lavados broncoalveolares (LBA), medula óssea e o sangue foram coletados 48 h após o desafio antigênico com OVA. Nossos resultados mostraram que a exposição pré-natal à dexametasona não altera o peso corpóreo dos descendentes fêmeas e machos ao nascer; porém, no desmame, fêmeas e machos apresentaram redução significativa no peso corpóreo (10,5% e 7,1% de redução, respectivamente). No LBA de fêmeas e machos observamos uma exacerbação de aproximadamente 120% e 128%, respectivamente, do influxo eosinofílico nos animais expostos prenatalmente à dexametasona e desafiados com OVA em comparação ao grupo controle. Nos protocolos de exposição pré-natal ao LPS, notamos um aumento do peso dos descendentes fêmeas e machos ao nascer, de aproximadamente 10,5% e 9,6%, respectivamente, em comparação com o controle. Este aumento foi ainda maior no desmame, quando fêmeas e machos prenatalmente expostos ao LPS estavam 19% e 22,5% mais pesados que os animais controle. Os animais prenatalmente expostos ao LPS, tanto fêmeas quanto machos, apresentaram redução significativa do influxo eosinofílico (aproximadamente 66,5% e 66,7%, respectivamente) no LBA dos animais desafiados com OVA em relação aos animais controle. O tratamento pré-natal com aminoguanidina restaurou o influxo eosinofílico, mantendo-o igual aos valores do grupo controle. No conjunto, nossos dados mostram que a exposição pré-natal à corticóides exógenos ou LPS são capazes de promover alterações na resposta inflamatória alérgica pulmonar na prole adulta, possivelmente por alterações na programação do eixo HPA

ASSUNTO(S)

dexametasona lipopolissacarideos gravidez dexamethasone lipopolysaccharides pregnancy

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