Educação Especial: o olhar e a palavra do professor

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A educação compõe um universo de incalculáveis matizes, ou talvez se deva dizer de incalculáveis necessidades. Há aspectos essenciais, entre eles, a inclusão, cuja preocupação vem se fazendo cada vez mais presente, não apenas na escola, mas também na sociedade como um todo. Assim, neste estudo discutimos a relação inclusão/exclusão de alunos com deficiências na escola sob a visão de professores, em uma perspectiva psicossocial. Consideramos a dialética da fala/silêncio de professores das séries iniciais de Educação Básica, captada por intermédio de três grupos de sujeitos. No primeiro, para obter um panorama temático da educação especial, realizamos grupo focal com professoras aposentadas que continuam na ativa. No segundo, aplicamos questionário aos alunos do curso de Pedagogia, que são professores da rede pública. O referido questionário se constituiu de perguntas abertas e fechadas, incluindo a técnica da Associação Livre. Finalmente, entrevistamos professoras de uma escola municipal de educação básica para auscultar os entremeios, os entrechos das suas vozes sobre como vêem o aluno com deficiência em sala de aula e em sua ação pedagógica. Para análise e interpretação dos dados, utilizamos, respectivamente, nos três grupos: análise de conteúdo, na perspectiva apontada por Bardin (1977); categorização considerando nosso olhar e as informações resultantes do software SPSS e, por último, o programa CHIC. Identificamos, entre os professores pesquisados, compreensões diferenciadas sobre o aluno com deficiência no ensino regular. Uma pequena parte desses professores se sentiu à vontade e preparada para falar de inclusão. Outra parte, em sua maioria, se mostrou favorável, mas consciente de sua limitação quanto às possibilidades de enfrentá-la com o pouco conhecimento. E, ainda um pequeno grupo se revelou contrário a essa discussão. Mais do que apontar noções de professores favoráveis ou desfavoráveis, foi possível destacar os pontos que expressam a visão dos professores sobre a inclusão de alunos deficientes. Embora tenham considerado difícil o trabalho com esses alunos, manifestaram um real desejo de qualificação. Desejo este, expresso com tanta ênfase que deixaram entrever a necessidade de se tornar um superprofessor para atuar com alunos deficientes, o que, paradoxalmente, pode camuflar o não-desejo dos professores acolherem esse aluno em sala de aula, já que fugiria do aspirado padrão pedagógico de aluno disciplinado e atento, conforme veio à tona nos vários depoimentos desta pesquisa. Os grupos pesquisados indicaram, assim, que ancoram suas representações sobre os portadores de deficiência e o sobre o professor desses alunos em aspectos afetivos e na necessidade de preparação pessoal e profissional para enfrentar o que consideram um desafio do ensinar. Embora em um primeiro momento esta visão, possa indicar fuga ao acolhimento destes alunos em sala de aula, quando observamos a relação de experiência com classes que contam com alunos incluídos, verificamos uma maior aceitação afetiva, mesmo que ainda persista a indicação de proceder a uma capacitação profissional para se sentir seguro

ASSUNTO(S)

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