Educação escolar Kaingang: do discurso oficial às práticas efetivas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente trabalho trata-se de um estudo de caso na Aldeia Indígena Queimadas, localizada no município de Ortigueira/PR - que investiga as práticas dos professores Kaingang, contrapondo-as com as indicações presentes no Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. A pesquisa procura problematizar as falas dos professores Kaingang buscando compreender os desejos e anseios dos professores em relação à escola na aldeia, as ações pedagógicas desenvolvidas com as crianças e o modo que vêm se organizando para construir uma escola verdadeiramente indígena, sendo esta específica/diferenciada, comunitária, intercultural e bilíngüe/multilíngüe. Utilizamos a abordagem metodológica de natureza qualitativa-etnográfica que apoiou-se nos procedimentos metodológicos como entrevistas e conversas com os professores-índios Kaingang, que proporcionou os mecanismos necessários para a reflexão da educação escolar indígena kaingang em Queimadas. A discussão inicia-se apresentando a realidade da educação escolar indígena no Estado do Paraná, dando, em seguida, ênfase à educação escolar indígena ofertada na Escola Estadual Indígena Cacique Crispin Guê-Mon, na aldeia Queimadas. Buscamos identificar a aldeia Queimadas, apresentando os aspectos culturais, sociais e econômicos dos Kaingang que ali vivem. Em seqüência, apresentamos a legislação brasileira e a documentação que rege a educação escolar indígena no Brasil. Temos como ponto de partida a Constituição de 1988, já que a consideramos um marco na conquista dos povos indígenas. Perpassamos por outros documentos como as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena, a Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena, o Plano Nacional de Educação e o Plano Estadual de Educação do Estado do Paraná. Fixamo-nos mais atentamente ao Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, já que o consideramos como um dos documentos mais importantes no que tange às discussões e orientações didáticas para os professores índios, auxiliando-os a construir e elaborar práticas escolares que permitem a construção de uma escola verdadeiramente indígena. Em contrapartida, apresentamos as falas dos professores Kaingang, revelando suas práticas desenvolvidas em sala de aula e analisando se estas são desenvolvidas em acordo com as propostas presentes no RCNEI/Indígena ou não. Os dados obtidos durante a pesquisa de campo apontam que, primeiro, os professores da Escola Estadual Indígena Cacique Crispin Guê-Mon desconhecem do documento emitido pelo MEC, o RCNEI/Indígena. Embora desconhecendo o documento, a prática pedagógica dos professores privilegia os conteúdos, propostas e ações apontadas pelo referido documento. No entanto, em muitos momentos, a prática dos professores revela que a escola na aldeia se assemelha muito mais com uma escola rural, já que se privilegia uma proposta de currículo que se faz presente nas escolas não-indígenas do Paraná. No entanto, os professores têm a consciência de que a escola é um forte instrumento para a manter viva a cultura kaingang na aldeia, por isso lutam para diminuir as faltas dos alunos nas aulas e, principalmente, a evasão escolar.

ASSUNTO(S)

educação educacao prática de ensino indios kaingang - educação

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