Ecologia de um fragmento florestal em São Roque, SP : floristica, fitossociologia e silvigenese

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

Foram realizados estudos ecológicos na Mata da Câmara, na Estância Turística de São Roque, S.P.(23°31 26 sul e 47°06 45 oeste), com área total de 127,89 ha. Os estudos envolveram levantamento florístico e fitossociológico do estrato arbustivo e arbóreo, levantamento da flora de plântulas e análise silvigenética, além da caracterização fisico-química do solo da área. Os objetivos deste trabalho foram contribuir para o conhecimento da flora do Estado de São Paulo nesta região, além de discutir aspectos da estrutura e da dinâmica de remanescentes florestais no Estado. O clima local foi identificado Cfb (mesotérmico úmido), segundo Köppen. A temperatura média anual foi de 19,6° C e o balanço hídrico revelou a existência de duas estações bem definidas, com ocorrência de pequenas deficiências hídricas no inverno. O solo da área foi identificado como Podzólico Vermelho Amarelo. As análises mostraram que este solo apresentou-se ácido a muito ácido, com altos teores de a1wnínio e baixos teores de bases trocáveis. O levantamento fIoristico foi realizado através de coletas de material botânico reprodutivo em caminhadas aleatórias num período de 19 meses. Pua o levantamento fitossociológico foi utilizado o método de parcelas contíguas. No estrato arbóreo foram utilizados três blocos de 14 parcelas de 15x15m, em três áreas com altitude e fisionomia distintas, sendo que o critério de inclusão foi PAP ? 15cm. Para o estrato arbustivo utilizou-se 12 parcelas de 15x15m (4 em cada um dos blocos), sendo amostrados os indivíduos com PAP ? 15 cm e altura ? 1m. Para o levantamento da flora de plântulas foram utilizadas 120 parcelas de 2x2m (40 em cada um dos blocos), sendo amostrados os indivíduos lenhosos com até 30cm de altura. Para a análise silvigenética foram utilizadas três áreas de 50x105m, uma em cada bloco. As linhas de inventário foram dispostas 5 m de distância uma da outra. No levantamento fIoristico foram amostradas 185 espécies, pertencentes a 127 gêneros e 56 famílias. As famílias de maior riqueza foram Myrtaceae, Solanaceae, Euphorbiaceae, Rubiaceae, Lauraceae e Fabaceae. As famílias de maior índice de valor de importância (IVI) do estrato arbóreo foram Lauraceae, Euphorbiaceae e Celastraceae, sendo que as espécies mais importantes (maior IVI) foram Croton floribundus. Maytenus evonymoidis e Cabralea conjerana. O índice de diversidade de Shannon foi de 4,011 nats. No levantamento fitossociológico do estrato arbustivo destacaram-se no valor de importância as famílias Rubiaceae, Myrtaceae e Lauraceae representadas respectivamente pelas espécies Rudgea jasminoides e Psychotria suterella, Nectandra megapotamica e Eugenia aff stictosepala. No levantamento da flora de plântulas, as familias mais numerosas foram Rubiaceae, Phytolacaceae, Fabaceae e Lauraceae sendo representadas respectivamente pelas espécies Psychotria suterelIa, Seguieria floribunda. Machaerivm nictitans, Nectandra megapotamica e Ocotea puberula. Os resultados da análise si1vigenética mostraram que a porcentagem de área ocupada por ecounidades em equilíbrio 2A variou de 46,8% a 75,7% entre as três áreas estudadas, caracterizando diferenças nos estágios de desenvolvimento arquitetural entre as mesmas. Estes resultados concordaram com aqueles obtidos na caracterização sucessional das áreas a partir dos dados obtidos pelos levantamentos fitossociológico e da flora de plântulas. No trabalho discutiu-se os resultados para cada uma das áreas amostradas e para a área como um todo. Estes resultados permitiram concluir que a área de maior altitude apresentou-se mais degradada constituindo-se numa floresta mais jovem, a área de altitude intermediária apresentou um trecho de floresta em fase de pré-maturidade e a área mais baixa apresentou-se bem preservada representando um techo de floresta madura. Estes resultados indicaram que a Mata da Câmara apesar de ser um fragmento relativamente pequeno, se devidamente conservado, deverá manter suas condições de autoperpetuação

ASSUNTO(S)

ecologia vegetal ecologia florestal

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