Dor crônica ou um corpo deprimido? : reflexões sobre as dimensões psicológicas da dor corporal na contemporaneidade
AUTOR(ES)
Maria do Socorro Gonçalves Formiga
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
A dor crônica é um importante problema de saúde pública contemporâneo, assim como a crescente demanda por serviços de saúde e recursos tecnológicos para a abordagem das diversas dimensões envolvidas na incapacidade e no sofrimento resultante. Nos últimos anos, o estudo da dor e da depressão tem contribuído com mudanças profundas na compreensão da dinâmica e complexidade do sistema nervoso; tem impulsionado o reconhecimento da importância das dimensões sócio-culturais e psíquicas na experiência e expressão do fenômeno doloroso, além de ter proporcionado a diversificação de recursos terapêuticos mobilizados nesse cuidado. Essa realidade instigadora foi despertando o interesse em aprofundar os conhecimentos nessa área, de modo que a realização desta pesquisa teve como objetivo geral investigar a dor crônica no contexto contemporâneo e sua relação com sintomas depressivos. Para a pesquisa de campo, elegemos cinco pacientes diagnosticados como portadores de dor crônica e depressão, encaminhados pela equipe médica de uma Clínica da Dor da cidade de João Pessoa, Paraíba, os quais foram acompanhados através da escuta terapêutica, com um encontro semanal, com duração de cinqüenta minutos, por um período de até dez meses. Os dados coletados foram analisados e interpretados, a partir do referencial psicanalítico, considerando a relação entre a linguagem somática do corpo na dor crônica e na depressão, compreendendo sua dimensão psíquica no contexto de suas histórias de vida. Entre os resultados encontrados, destacaram-se o sentimento de desamparo e a demanda por cuidado, a convocação do corpo no processo de elaboração psíquica, a necessidade de reconhecimento através da experiência dolorosa, as vivências marcantes de perdas, interferências na dinâmica familiar e os benefícios secundários dos sintomas dolorosos. O traço depressivo e o caráter paralisante da dor estiveram presentes em todos os participantes, identificados através de aspectos como isolamento social, improdutividade, sentimento de vazio, pulsão de morte, baixa auto-estima, sentimento de desesperança e aceitação do papel de ser doente como característica de sua auto-identificação. Dessa forma, esperando ter contribuído para o aprofundamento da temática abordada, podemos concluir que, apesar das controvérsias na relação dor crônica/corpo deprimido, a dor esteve sempre associada à depressão
ASSUNTO(S)
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ACESSO AO ARTIGO
http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=460Documentos Relacionados
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