Diversidade e composição em especies da aranha da reserva florestal da companhia Vale do Rio Doce (Linhares - ES)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Neste estudo foi inventariada a fauna de aranhas da Reserva Florestal da CVRD, um fragmento de Mata Atlântica a 30 km de Linhares (Espirito Santo). A reserva foi amostrada em duas ocasiões: na estação seca Julho de 1997), por uma equipe de quatro pessoas, e na estação chuvosa Janeiro de 1998), por sete coletores. Foram empregados dois métodos de coleta: amostragem com batedores de vegetação durante o dia e coletas manuais noturnas com uso de lanternas de cabeça. As coletas foram divididas em amostras de tamanho padronizado, a fim de permitir análises estatísticas dos resultados. Cada amostra diurna foi composta por 20 arbustos amostrados por um mesmo coletor, e cada amostra noturna por uma parcela de 30 X 10m, percorrida duas vezes por uma dupla de coletores. Para descrever o efeito de variações estruturais do ambiente sobre a fauna de aranhas; foram amostradas três formações vegetais típicas da região: nativo (uma formação semelhante a restingas), Mussununga (uma mata baixa de solo arenoso) e mata de tabuleiro (floresta madura com solo argiloso). Foram coletadas em 252 amostras, 5775 aranhas, das quais apenas 1982 eram adultas. Os indivíduos adultos foram separados em 287 morfoespécies, divididas em 34 famílias. As famílias mais ricas em espécies e mais abundantes foram Salticidae, Araneidae e Theridiidae. A maioria das espécies coletadas foram raras nas amostras, sendo que 97 tiveram apenas um espécime amostrado e apenas duas tiveram mais de 100 indivíduos. As amostras da segunda expedição foram em média mais ricas em espécies que aquelas da primeira, embora esta diferença não seja estatisticamente significativa. A riqueza e abundância do nativo foram bem mais baixas do que aquelas da mata e Mussununga, que não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si. Uma Análise de Correspondência mostrou que a fauna do nativo, embora menos rica, é completamente diferente das outras formações amostradas. Isto sugere que diferenças microclimáticas e estruturais entre estas formações vegetais podem influenciar sua colonização por aranhas. A equipe da segunda expedição de coleta foi composta por um sistemata com ampla experiência de coleta em florestas, 4 aracnólogos menos experientes e 2 leigos. Para testar o efeito destas diferenças de experiência de coleta sobre os resultados, os responsáveis por cada amostra diurna foram identificados. Embora tenha sido observada uma grande variação no número de espécies e indivíduos por amostra entre os coletores, sendo o sistemata, um dos aracnólogos e um dos leigos os mais eficientes, estas diferenças não foram significativas. Este resultado mostra que uma equipe de coleta de aranhas pode ser montada com participantes leigos, que podem ser facilmente treinados. As coletas noturnas foram mais eficientes que as diurnas, levando-se em conta o número de indivíduos e espécies por amostra obtidos em cada uma. Apesar destas diferenças de eficiência, cada método amostrou uma porção diferente da fauna de aranhas, o que mostra a importância da combinação de métodos de coleta para inventários de aranhas. Para estimar a riqueza em espécies total da reserva, foram utilizados oito modelos de estimativa de riqueza (equação de Michaelis-Menten, Bootstrap, Jackknife1, Jackknife2, Cha01, Cha02, ICE e ACE). Estes métodos geraram estimativas entre 329 e 531 espécies. Alguns deles provavelmente subestimaram a riqueza total da reserva, uma vez que somando-se ao total das amostras 65 espécies obtidas durante coletas adicionais, sabe-se que a reserva apresenta pelo menos 352 espécies de aranhas. Todos os métodos de estimativa foram sensíveis ao esforço de amostragem, apresentando resultados diferentes conforme o número de amostras utilizado para os cálculos. O pior de todos foi a equação de Michaelis-Menten, que mostrou-se muito instável com poucas amostras. Para testar o efeito da agregação na distribuição espacial das espécies sobre as estimativas de riqueza, as estimativas foram repetidas utilizando uma matriz aleatorizada. Esta matriz apresentava as mesmas morfoespécies da matriz original com as mesmas abundâncias, porém com os indivíduos aleatoriamente distribuídos entre as amostras. Foi construída também uma matriz com alto grau de agregação (com 0,6 de probabilidade de ocorrência na mesma amostra para os indivíduos de cada espécie), a fim de testar o quando um aumento nesta característica das comunidades amostradas afetaria as estimativas de riqueza. O uso da matriz aleatorizada mudou pouco nas estimativas de riqueza ou em seu desempenho em relação ao tamanho da amostra, o que sugere que as comunidades amostradas apresentavam baixa agregação. As estimativas calculadas com a matriz agregada foram bem diferentes, principalmente em relação aos métodos de estimativa baseados em incidência de espécies. Em geral os métodos de estimativa testados mostraram-se pouco úteis para comparações entre Inventários com diferenças de esforço de amostragem

ASSUNTO(S)

mata atlantica riqueza

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