Dissociação funcional dorso-ventral do hipocampo na mediação do comportamento defensivo de ratos revelada pelo bloqueio dos receptores glutamatérgicos subtipo NMDA

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Vários estudos têm indicado que o hipocampo (HPC) é uma região funcionalmente distinta ao longo de seu eixo dorso-ventral e desempenha um papel importante em processos associados com emoção e cognição do comportamento defensivo. O conhecimento das bases neurais envolvidas na organização das respostas de defesa tem sido decorrente principalmente de estudos comportamentais que avaliam as reações emocionais de roedores diante de estímulos aversivos, como a exposição em ambientes com espaços abertos, um choque elétrico nas patas ou na presença do odor de um predador. A participação da neurotransmissão glutamatérgica na mediação do comportamento defensivo tem sido alvo de muitos estudos e, dados experimentais em roedores têm revelado que compostos que reduzem a ativação glutamatérgica, seja através do bloqueio de seus receptores ou pela redução de sua liberação nos terminais sinápticos, provocam um perfil de ação semelhante a ansiolíticos em modelos animais de ansiedade. Com base nestes aspectos, o objetivo do presente estudo foi investigar a participação dos receptores NMDA distribuídos ao longo do eixo dorso-ventral do HPC na mediação de aspectos emocionais e cognitivos do comportamento defensivo de ratos expostos ao teste e reteste do LCE, ao odor de gato e ao contexto, 24 h após a exposição a este estímulo, e ao treino e teste da tarefa de esquiva inibitória do tipo descida da plataforma. Para este propósito foi usado o antagonista competitivo do receptor NMDA, AP5, administrado no HPC ventral ou dorsal. Os resultados mostraram que a infusão pré-teste de AP5 no HPC ventral, mas não no hipocampo dorsal, reduziu o comportamento defensivo em ratos submetidos ao teste do LCE. Além disso, a infusão de AP5 pré-teste, pósteste ou pré-reteste no HPC ventral ou dorsal não afetou os processos de aquisição, consolidação e evocação da resposta de esquiva aos braços abertos de ratos submetidos ao LCE. No teste do odor de gato, os resultados mostraram que a infusão de AP5 no HPC ventral, antes da exposição ao estímulo aversivo, reduziu o comportamento defensivo de ratos expostos ao odor de gato, o que não foi observado com a infusão de AP5 no HPC dorsal, nestas mesmas condições experimentais. Além disso, a infusão de AP5 no HPC ventral ou dorsal, antes da sessão contexto, sem o odor de gato, não afetou a expressão do comportamento defensivo. No teste de esquiva inibitória do tipo descida da plataforma, os resultados mostraram que a infusão pré e pós-treino de AP5 no HPC dorsal, mas não no HPC ventral, prejudicou a aquisição e a consolidação da memória no teste de esquiva inibitória. Estes resultados mostraram ainda que a infusão de AP5 antes do teste no HPC ventral ou dorsal não interferiu com a evocação da memória nesta tarefa. Além disso, os resultados mostraram que infusão pós-treino de AP5 no HPC ventral, interferiu com a consolidação da memória de esquiva inibitória, quando os ratos foram familiarizados previamente ao aparato do treino. Em conclusão, os resultados sugerem uma diferenciação funcional ao longo do eixo dorso-ventral do HPC, implicando a participação de receptores NMDA do HPC ventral, mas não do HPC dorsal, na mediação dos aspectos emocionais do comportamento defensivo.

ASSUNTO(S)

farmacologia animais - comportamento neurorreguladores farmacologia receptores de n-metil-d-aspartato

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