Dissociação entre alterações de linguagem e preservação da musicalidade em uma criança com epilepsia refratária

AUTOR(ES)
FONTE

Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology

DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Introdução: Estabelecer uma relação entre epilepsia e linguagem é uma tarefa bastante complexa, visto que existem muitas variáveis envolvidas. Dessa forma, podem ocorrer alterações de linguagem expressiva e compreensiva, e em alguns casos a preservação da musicalidade e da prosódia podem estar presentes. Objetivos: O objetivo deste estudo foi descrever o caso de uma criança com crises epilépticas refratárias multifocais que mostrou uma intrigante dissociação entre o comprometimento de funções de linguagem e a preservação da musicalidade. Métodos: Relato do caso de um menino de 9 anos, internado no Programa de Cirurgia de Epilepsia (PCE) do Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, em novembro de 2004, por apresentar crises epilépticas refratárias. Foram realizados exames clínicos, neurofisiológicos, de neuroimagem e avaliação neuropsicológica. Resultados: Os aspectos lingüísticos do paciente caracterizam uma disfasia, com alterações significativas de expressão e de compreensão da linguagem oral (lobo temporal esquerdo), mas adequação nos aspectos prosódicos da fala e do canto (hemisfério direito). Além disso, a avaliação mostrou um importante atraso global de desenvolvimento neuropsicomotor e alterações comportamentais. Conclusão: Os dados deste trabalho evidenciam a interferência da epilepsia refratária na infância nas habilidades cognitivas, sendo o foco epileptogênico determinante nas alterações lingüísticas. Ressalta-se a importância da avaliação neuropsicológica para mensurar alterações provenientes desta patologia, assim como, identificar áreas da linguagem preservadas, como a musicalidade neste caso, permitindo um elo de ligação para comunicação, avaliação e reabilitação cognitiva.

ASSUNTO(S)

linguagem epilepsia refratária alterações de linguagem avaliação neuropsicológica

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