Diferentes tipos de reconstrução da veia cava supra-hepatica no transplante ortotopico de figado pela tecnica de piggyback

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Introdução: A preservação da veia cava retro-hepática durante a hepatectomia do receptor no transplante hepático é uma modificação da técnica clássica, tendo sido empregada pela primeira vez por Sir Roy Calne em 1968. Porém veio a ser difundida posteriormente, em 1989, por Andreas Tzakis com o nome de piggyback. As vantagens desse procedimento são inúmeras. Entretanto parece haver uma potencialidade para causar obstrução da drenagem venosa hepática, sendo discutida na literatura a melhor forma de reconstrução da veia cava supra-hepática quando essa técnica é adotada. Objetivos: Comparar três diferentes tipos de anastomose da veia cava suprahepática no transplante hepático pela técnica depiggyback. Métodos: Foram estudados prospectivamente, de forma randomizada, 29 pacientes adultos portadores de hepatopatia crônica e submetidos ao transplante hepático no período de agosto/98 a outubro/99. Os receptores foram distribuídos em três grupos de acordo com o tipo de anastomose da veia cava supra-hepática realizada: 1 - término-terminal com o óstio comum entre as veias hepáticas direita, média e esquerda - 10 pacientes; 2 - término-terminal com o óstio comum entre as veias hepáticas média e esquerda - 9 pacientes; 3 - cava-cava látero-lateral - 10 pacientes. Os cuidados perioperatórios foram realizados de maneira semelhante entre os grupos. Foram estudados o tempo de cirurgia e isquemia total do enxerto, consumo de hemoderivados, comportamento hemodinâmico intra-operatório em quatro fases distintas - durante a hepatectomia, na fase anepática, após a reperfusão e no final do procedimento e pós-operatório até 48 horas, evolução laboratorial nos dois primeiros dias após o transplante, assim como complicações venosas relacionadas à formação de ascite. Resultados: A técnica de piggyback pôde ser empregada em todos os casos. As reconstruções da veia cava supra-hepática foram de acordo com as propostas pelo estudo, com exceção de um paciente sorteado para a anastomose com as três veias e que foi excluído por ser inviável a realização da mesma sem o clampeamento total da veia cava inferior, devido à localização anatômica da veia hepática direita. Os três grupos foram homogêneos em relação às características demográficas e clínicas, embora tenha ocorrido um predomínio de mulheres na anastomose com as veias hepáticas média e esquerda. Os tempos cirúrgico e de isquemia total do enxerto foram maiores nos pacientes com anastomose com as três veias, mas sem relevância clínica. O consumo de sangue e derivados foi similar. Independentemente da técnica adotada, os distúrbios hemodinâmicos foram toleráveis, entretanto os pacientes submetidos à anastomose com as três veias apresentaram pressão arterial média diminuída na fase anepática. Após a reperfusão, a pressão venosa central foi menor no grupo cava-cava, permanecendo em níveis mais baixos até o término do transplante. A pressão da artéria pulmonar mostrou-se elevada na fase final do procedimento nos pacientes que fizeram anastomose com as três veias. No pósoperatório, ascite volumosa foi mais freqüente nos receptores com anastomose cava-cava e com as três veias. Um paciente do grupo cava-cava necessitou tratamento cirúrgico para resolução da ascite. Conclusão: Os três tipos de reconstrução da veia cava supra-hepática tiveram resultados semelhantes, embora não tenha sido possível incluir a veia hepática direita na anastomose em um caso. Apesar do clampeamentoparcial da veia cava inferior, a manutenção hemodinâmica foi adequada entre os grupos, no entanto os pacientes com anastomose com as veias hepáticas média e esquerda que permaneceram com a veia cava inferior livre apresentaram menos distúrbios hemodinâmicos. Ascite volumosa foi mais freqüente nas anastomoses cava-cava e com as três veias, apesar do diâmetro maior.

ASSUNTO(S)

etc tecidos transplante de orgãos veias

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