Diferenciais de mortalidade infantil no Brasil, por idade da mãe e da criança

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente trabalho destaca a idade materna como um importante fator relacionado ao óbito infantil, sobretudo quando há precocidade ou postergação da maternidade ao longo do período reprodutivo feminino. Assim, o ponto de partida são evidências de que haveria uma bipolarização dos riscos para filhos de mães muito jovens (abaixo dos 20 anos) e de mães de 35 anos de idade e mais, em função de uma série de fatores comportamentais, socioeconômicos e biológicos. Tendo em vista o efeito isolado da idade da mãe e o efeito conjunto dos fatores de risco associados à mortalidade infantil, o objetivo deste trabalho é o de identificar a relação entre idade materna e mortalidade neonatal precoce, neonatal e pós-neonatal, na ausência de controle por qualquer outra variável e na presença de outros dos seus fatores associados, tais como, as características maternas, do recém-nascido, e da atenção à saúde da mulher e da criança. Para o alcance dos objetivos propostos, foi utilizada a base de dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher do ano de 2006, a qual contém informações para todo o Brasil. Com relação à análise estatística, foram empregados modelos de regressão de Poisson para verificar as relações existentes entre o óbito nos períodos neonatal precoce, neonatal e pós-neonatal e os fatores associados selecionados na base da PNDS 2006. Foram analisados 6.054 casos de nascidos vivos únicos entre 2001 e 2007. Inicialmente, procedeu-se a uma análise univariada, tendo como variável dependente a ocorrência/não ocorrência do óbito para cada período de interesse (neonatal precoce, neonatal e pós-neonatal), e em seguida, iniciou-se a construção dos modelos multivariados (sete modelos no total) com base na adição das características demográficas (idade da mãe e sexo da criança), do histórico reprodutivo materno, do recém-nascido, dos aspectos da atenção e qualidade do atendimento recebido pela mãe durante o pré-natal e no parto, e das informações acerca das intercorrências na gravidez ou no parto. Verificou-se que a jovem idade materna esteve associada com óbito infantil apenas na componente pós-neonatal (RP=2,48; p<0,10) e no modelo ajustado pelo intervalo intergenésico e pela parturição. Todavia, este efeito não se manteve nos demais modelos, após o controle pelos meses de duração da gravidez e pelo peso ao nascer. Já a idade materna avançada apresentou efeitos estatisticamente significativos em todos os segmentos da mortalidade infantil. Concluiu-se que fatores relacionados à atenção pré-natal e ao parto permanecem como problemas ainda a serem resolvidos para colocar os níveis de mortalidade infantil no Brasil em patamares similares àqueles de outros países da América Latina, assim como dos países desenvolvidos.

ASSUNTO(S)

mães idade brasil teses. mortalidade infantil brasil teses.

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