Diferenciais de mortalidade em um hospital filantrópico: a Santa Casa de Misericórdia de Campinas (1876-1885)

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. estud. popul.

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/03/2019

RESUMO

Resumo A partir da documentação das Matrículas de Enfermos e Relatórios dos Provedores da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, traçamos o perfil dos atendidos e analisamos os diferenciais de mortalidade entre escravos e livres, brasileiros e estrangeiros nos primeiros anos de funcionamento desse hospital filantrópico. Os enfermos eram predominantemente homens em idade ativa, fortemente relacionados com a mão de obra disponível para comportar a expansão agrícola e dos serviços urbanos. Por meio de uma técnica de análise do diferencial de mortalidade baseada na decomposição de Oaxaca-Blinder, concluímos que, apesar de as características de escravos favorecerem um diferencial de mortalidade reduzido e de haver incentivos econômicos em seu tratamento, a mortalidade escrava foi superior possivelmente devido às condições de vida impostas pelo cativeiro. Entre a população livre, brasileiros apresentaram mortalidade superior à de estrangeiros. As hipóteses levantadas foram a procura tardia de auxílio por parte dos nacionais, diferenças na estrutura etária e a forte característica de sub-representação feminina na população estrangeira.Abstract With documentation involving patients’ records and reports fromthe administration of Santa Casa de Misericórdia of Campinas (1876-1885), we examined demographic characteristics of patients and analyzed differences in mortality ratesamongslaves, free people, Brazilians, and foreign population atthe philanthropic hospital. Data show patients are predominantly men of working age, mainly involved inlabor available related to agricultural expansion and urban services. Through an analysis of mortality differentials based on the Oaxaca-Blinder Decomposition, we concluded that although the characteristics of slavery and economic incentives in their treatment favored a reduced differential of mortality, slave mortality was higher due to the living conditions imposed by slavery. Among the free population, Brazilians had higher mortality rates than foreigners. Hypotheses raised include abelated demand for help from nationals, differences in age structure, and astrong female underrepresentation among the free population.

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