Dieta da tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta (Testudines, Cheloniidae), no litoral norte do Rio Grande do Sul

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

No litoral do Rio Grande do Sul são encontradas cinco espécies de tartarugas marinhas, sendo Caretta caretta a espécie mais abundante, com 55% dos registros de encalhes. Sabe-se que a tartaruga-cabeçuda, em sua fase costeira, é um carnívoro generalista que se alimenta principalmente de invertebrados bentônicos e sua dieta pode ser significativamente diferente ao longo de sua distribuição geográfica. O objetivo deste trabalho é descrever a dieta de C. caretta no litoral norte do Rio Grande do Sul. As amostras foram coletadas através do monitoramento dos encalhes de carcaças de tartarugas marinhas, realizado pelo GEMARS entre 1994 e 2001. Os tratos gastrointestinais foram coletados inteiros, analisados e os itens alimentares identificados ao menor nível taxonômico possível. A dieta foi descrita com base na riqueza e diversidade de itens, freqüência de ocorrência (FO) e numérica (FN). Foram analisados os conteúdos gastrointestinais de 48 espécimes, sendo registradas 32 espécies de moluscos (FO=79%, FN=40%), 10 de crustáceos (FO=87%, FN=57%) e oito de peixes (FO=48%, FN=3%). Outros itens freqüentes na dieta foram poliquetas (FO=21%), conchas roladas (FO=33%) e plástico (FO=21%). O índice de diversidade de Shannon-Wiener mostrou uma tendência à estabilização da curva, indicando que o tamanho amostral foi suficiente. As espécies mais importantes na dieta de C. caretta foram o ermitão Dardanus insignis (FO=58%; FN=6,6%), o gastrópode Buccinanops gradatum (FO=52%; FN=30%), o caranguejo Libinia cf. spinosa (FO=20%; FN=2,7%) e o peixe Trichiurus lepturus (FO=29%; FN=2%). Podemos concluir que, no Rio Grande do Sul, a espécie se alimenta principalmente de crustáceos, ingerindo também gastrópodes médios a grandes e peixes. Podemos inferir que os espécimes de C. caretta que encalham no litoral norte do Rio Grande do Sul alimentam-se na zona costeira, em fundos arenosos e lodosos em profundidades que podem chegar a 75 metros, ingerindo organismos bentônicos e demersais. A ingestão de debris sintéticos parece não ser um problema importante para a espécie na região. Através deste estudo, pode-se comprovar que o litoral do Rio Grande do Sul é realmente uma importante área de alimentação para C. caretta.

ASSUNTO(S)

caretta caretta rio grande do sul, litoral norte ecologia alimentar

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