Diatomáceas epilíticas indicadoras da qualidade de água na bacia do Rio Gravataí, Rio Grande do Sul, Brasil.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

As diatomáceas constituem um dos grupos de algas mais representativos na comunidade perifítica. Existem evidências de que as mesmas são boas indicadoras das condições ambientais por terem a composição de espécies e a abundância das populações afetadas, de forma mais ou menos previsível, pela poluição ou contaminação das águas em que se desenvolvem. No presente estudo foram investigadas as características limnológicas do rio Gravataí, RS, Brasil, analisando-se suas características físicas, químicas e biológicas ao longo de dois ciclos sazonais, no período de setembro de 2000 a agosto de 2002. Foram estudadas, em detalhe, as variações espaciais e temporais na estrutura e diversidade das diatomáceas epilíticas, visando sua utilização como indicadores da qualidade da água. Amostragens trimestrais das diatomáceas epilíticas associadas a substratos artificiais rochosos foram realizadas em seis estações de amostragens ao longo do rio Gravataí e simultaneamente foram obtidas ou avaliadas as principais variáveis climatológicas e as características físicas e químicas da água. Houve uma marcante sazonalidade, com uma amplitude de variação de temperatura de 20C, entre verão e inverno, e variação em uma ordem de magnitude na vazão do rio. O rio Gravataí tem dois trechos bastante distintos, o superior-médio, oligotrófico e oligomesosapróbico, com águas que podem ser enquadradas nas Classes 1 e 2, da resolução do CONAMA, n 20 de 1986 e o trecho inferior, eutrófico, meso-polissapróbico, com águas nas Classes 2, 3 e 4. Existe uma descontinuidade no gradiente no curso médio do rio ocasionado pelo despejo de águas residuárias oriundas de Porto Alegre, resultando em incrementos de matéria orgânica lábil, com aumentos de até 3 e 50 vezes de DBO e coliformes fecais, respectivamente. Foram registrados um total de 169 taxons de diatomáceas epilíticas, ao longo do período de estudo. As espécies Cocconeis placentula, Achnanthes sp, Selllaphora seminulum e Eolimna minima foram tipicamente abundantes no período de outono, enquanto Gomphonema parvulum, Eunotia pectinalis e Navicula radiosa atingiram maiores densidades no inverno. Evidenciou-se, também, que as espécies Nitzschia palea e Sellaphora seminulum tornaram-se gradativamente dominantes e permanentes no trecho inferior do rio, por serem mais tolerantes à poluição. A aplicação de um índice biótico que leva em consideração tanto as características abióticas quanto a abundância relativa das espécies, combinados em valores indicativos, representou adequadamente os gradientes e as variações temporais observadas. Uma comparação dos valores deste índice com aqueles derivados da aplicação de um índice regional revela valores muito similares, evidenciando a adequação do modelo regional para representar a qualidade da água nos rios do Estado do Rio Grande do Sul.

ASSUNTO(S)

variação sazonal bacillariophyceae ecologia perifiton diatomáceas bioindicadores estrutura de comunidades

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