Diagnostic criteria and risk factors for the metabolic syndrome in adolescents who have already shown menarche and attend public schools in Viçosa-MG / Critérios diagnósticos e fatores de risco para síndrome metabólica, em adolescentes que já apresentaram a menarca, de escolas públicas de Viçosa-MG

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Com o objetivo de estudar os critérios para diagnóstico da síndrome metabólica e seus possíveis fatores de risco em adolescentes que já apresentaram a menarca, procedeu-se a um estudo epidemiológico, de corte transversal. Foram avaliadas 100 adolescentes, de 14 a 17 anos, selecionadas em escolas da rede pública de Viçosa-MG, tendo como critérios de inclusão estar cursando o ensino médio e já terem apresentado a menarca, no mínimo há um ano. Foram comparados quatro critérios propostos para o diagnóstico da síndrome metabólica em adultos (WHO (1998), EGIR (1999), NCEP/ATPIII (2001), IDF (2005)) e um critério proposto para adolescentes (Alvarez et al., 2006). Em razão de a maioria dos critérios se destinar ao uso em adultos, a avaliação dos marcadores de risco para a síndrome metabólica foi realizada mediante adaptações para a faixa etária em estudo. Foram verificados os parâmetros de composição corporal como peso, estatura, IMC e índices derivados (IMCG e IMCLG), percentual de gordura, massa de gordura e livre de gordura (MG e MLG), circunferências da cintura (CC), quadril (CQ) e relação cintura/quadril (RCQ); parâmetros bioquímicos como colesterol total e frações, triacilgliceróis, glicemia, insulina de jejum e homocisteína; e parâmetros clínicos como pressão arterial sistólica e diastólica. A resistência à insulina foi determinada utilizando-se os níveis de insulina e glicemia de jejum por meio do HOMA-IR. O estado nutricional foi avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), utilizando-se os pontos de corte preconizados pelo CDC/NCHS (2000). O percentual de gordura corporal foi estimado utilizando-se o aparelho de bioimpedância elétrica horizontal, classificado conforme Lohman (1992). Foram utilizados os pontos de corte para a classificação de dislipidemias, preconizados pelas III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias (2001) e I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência (2005). Os níveis de insulina de jejum e resistência à insulina pelo HOMA-IR foram classificados segundo a I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência (2005). Para a glicemia de jejum alterada, foi utilizada a recomendação da American Diabetes Association (2006). A hipertensão arterial foi caracterizada conforme as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006). Aplicaram-se 2 instrumentos de avaliação dietética: Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar (QFCA) e Recordatório 24 Horas (R24H). Dos dados obtidos da análise dietética, avaliaram-se: energia, proteínas, carboidratos, lipídios, ferro, vitamina C, cálcio, fibras, ácidos graxos monoinsaturados (AGMI), ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), ácidos graxos saturados (AGS) e colesterol. Em relação ao estado nutricional, 83, 11 e 6% das adolescentes apresentaram eutrofia (EU), risco de sobrepeso/sobrepeso (RS/SP) e baixo peso, respectivamente, (BP) (CDC/NCHS, 2000); e 61% apresentaram porcentagem de gordura corporal (%GC) elevada. O colesterol total foi o que apresentou maior porcentagem de inadequação (57%), seguido do HDL (50%), LDL (47%) e triacilgliceróis (22%). Observou-se inadequação em 11, 9, 5 e 4%, respectivamente, em relação ao HOMA-IR, insulina, pressão arterial e glicemia. A prevalência da síndrome variou de 1-28%, dependendo dos critérios e pontos de corte. O critério da WHO (1998) adaptada à faixa etária apresentou maiores valores preditivos positivos, enquanto o critério que inclui todos os componentes usados nas diferentes propostas apresentou maiores valores de sensibilidade e especificidade. Observaram-se níveis maiores de insulina, HOMA-IR e da maioria das variáveis de composição corporal nas adolescentes com excesso de peso ou excesso de gordura corporal. Com o aumento dos quartis de HOMA-IR, houve aumento no peso, IMC, IMCG, CC, CQ, MG, MLG, gordura central e periférica, % GC, triacilgliceróis, VLDL, CT/HDL e glicose. Para colesterol total, insulina, HOMA-IR e estado nutricional, RS/SP>BP (p<0,05). Para as variáveis de composição corporal e estado nutricional, RS/SP>EU>BP (p<0,001). Encontraram-se correlações positivas e fortes entre IMC e medidas antropométricas que estimam o percentual de gordura, bem como sua distribuição central, exceto para RCQ. A %GC foi correlacionada aos níveis de insulina (r=0,303; p<0,001) e HOMA-IR (r=0,281; p<0,001). A ingestão energética e a de macronutrientes correlacionaram-se inversamente com parâmetros de composição corporal. Somente os níveis de glicemia de jejum apresentaram correlação positiva com a ingestão energética de lipídios e de ácidos graxos saturados. Verificou-se baixo consumo de frutas, totalizando 43% das adolescentes que as consumiam diariamente, sendo a média do consumo de fibra abaixo do recomendado, e 18% apresentavam ingestão de colesterol acima do recomendado. As adolescentes com excesso de peso relataram consumir maior quantidade de açúcar. A ingestão de ácidos graxos saturados foi maior nas adolescentes sem síndrome metabólica. Apesar de não ser estatisticamente significativo, houve uma tendência de as adolescentes com síndrome metabólica apresentarem menor ingestão de vitamina C, cálcio, ferro e fibras. As adolescentes apresentaram várias alterações metabólicas, ligadas na maioria das vezes ao excesso de peso e de gordura corporal e à resistência à insulina, que associadas constituem a síndrome metabólica. Os melhores critérios para diagnóstico da síndrome metabólica para screening populacional e na prática clínica foram, respectivamente, o critério que inclui todos os componentes usados nas diferentes propostas e o critério da WHO (1998) adaptado à faixa etária. A alta prevalência desses distúrbios metabólicos e os erros alimentares apresentados podem comprometer a saúde atual e futura destas adolescentes, justificando a necessidade de intervenção constante junto a esta população, reforçando a importância de programas específicos de atenção à saúde do adolescente.

ASSUNTO(S)

adolescents síndrome metabólica adolescentes metabolic syndrome nutricao insulin insulina

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