Diabetes tipo 2: Avaliação do risco, prevenção, controle e influência do exercício físico regular / Type 2 diabetes: risk assessment, prevention, control and influence of regular exercise

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/03/2011

RESUMO

Esta dissertação foi proposta com o objetivo principal de investigar novos métodos de avaliação do risco, prevenção e controle do diabetes tipo 2. Para alcançar este objetivo, foi necessário conduzir quatro estudos seqüenciais. O primeiro estudo objetivou-se a identificar as diferentes abordagens de treinamento físico utilizados na última década no controle do diabetes tipo 2. Para isso, realizou-se uma pesquisa no Pubmed e Science Direct por todos os estudos controlados e randomizados (RCT) de 1999 a 30 de maio de 2010. Selecionamos 17 estudos para fazer parte desta revisão. Cinco estudos com exercício aeróbicos, cinco com exercício de resistância (força) e sete com treinamentos combinados (aeróbico + resistância). Como resultado, verificou-se que o número de estudos utilizando o treinamento de resistância aumentou nesta última década, e atualmente é tão usado quanto os populares exercícios aeróbicos. Por sua vez, a maioria dos estudos analisados usaram intervenções combinando exercícios aeróbicos e de resistência. Portanto, o programa de exercício para pacientes com diabetes deve ser visto como uma forma de tratamento. No entanto, não foram estabelecidas diretrizes para a duração do programa, pois este deve-se tornar parte das tarefas diárias habituais, e assumida como um novo estilo de vida para um controle glicêmico a longo prazo. O segundo estudo teve como objetivo validar uma ferramenta auto-aplicável para identificar indivíduos brasileiros com intolerância a glicose (IGT). O Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISC) foi aplicado em 829 pessoas com idades ≥ 40 anos sem diagnóstico prévio de diabetes, entre novembro de 2009 e abril de 2010 na cidade de Viçosa, MG. Selecionamos randomicamente 300 sujeitos do levantamento incial, os quais foram convidados para comparecerem ao Laboratório de Perfomance Humana na Universidade Federal de Viçosa para a coleta de uma amostra de sangue para identificar os níveis de hemoglobina glicada (A1C). Dos 300 sujeitos convidados, 162 compareceram para compor a amostra final do estudo de validação. O score de risco foi avaliado pela área abaixo da curva ROC (AUC). Como resultado, verificou-se que a prevalência de IGT e diabetes de acordo com os níveis de A1C foram 21,6% e 8,6% respectivamente. Os valores do score de risco variaram de 1 a 25. A AUC considerando os valores de A1C ≥ 6,0% foi 0,69 (95% CI 0,61 0,76). O score de risco 9 teve sensibilidade de 75,51%, especificidade de 49,56%, valor preditivo positivo (VPP) de 39,4% e valor preditivo negativo (VPN) de 82,4%. Portanto, o FINDRISC demonstrou ser uma ferramenta adequada para identificar indivíduos brasileiros com IGT, os quais possuem elevado risco para desenvolver o diabetes tipo 2. O terceiro estudo foi proposto para avaliar a eficácia da frutosamina na avaliação do perfil glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 submetidos a um programa de exercício físico de oito semanas de duração. Oito voluntários (51,1 8,2 anos) foram submetidos a um programa de exercício físico supervisionado durante oito semanas (três vezes por semana a 50 a 60 % do V O2máx por 30 a 60 minutos). Avaliou-se a composição corporal, V O2máx, A1C, GPJ, frutosamina e glicemia capilar (GC). Diferenças estatísticas foram encontradas nas concentrações da frutosamina, no V O2máx e na GC. No entanto, a A1C e GPJ não apresentaram diferença estatística. A frutosamina apresentou uma diminuição de 15% (57 μmol/L) entre o início e o final do estudo, o V O2máx aumentou 14,8% (3,8 ml.kg.min-1) e a GC diminuiu em média 34,4% (69,3 mg/dL). Portanto, a frutosamina é eficaz na avaliação das alterações glicêmicas em pacientes com diabetes tipo 2 submetidos a um programa de exercício físico de curta duração, alternativamente às tradicionais medidas de A1C e GPJ. O quarto estudo teve como objetivo investigar os efeitos compensatórios do exercício aeróbico sobre os níveis habituais de atividade física em pacientes com diabetes tipo 2. Este estudo teve duração de doze semanas e foi realizado com oito voluntários (51,1 8,2 anos), os quais foram submetidos a um programa de exercício físico supervisionado durante oito semanas (3x/semana a 50 a 60 % do V O2máx por 30 a 60 minutos). Medidas da atividade física habitual com acelerômetros triaxial foram realizadas nas semanas 1, 5 e 10 do estudo. Avaliou-se também a composição corporal, V O2máx, hemoglobina glicada (A1C), glicemia plasmática em jejum (GPJ) e frutosamina nas semanas 1 e 10 do estudo. A análise estatística foi realizada por testes não paramétricos (Friedman e Wilcoxon) com p <0,05. A quantidade e a intensidade da atividade física habitual não apresentaram diferenças estatísticas entre os períodos analisados. Contudo, o programa de exercício gerou um aumento significativo de 14,8% (3,8 ml.kg.min-1) no V O2máx e diminuição de 15% (57 μmol/L) nos níveis de frutosamina. Portanto, o programa de exercício não provocou efeitos compensatórios sobre a atividade física habitual total dos avaliados, assim como sobre os níveis de intensidade das atividades físicas entre os períodos do estudo analisados, com benefícios na aptidão cardiorrespiratória e no perfil glicêmico dos pacientes.

ASSUNTO(S)

diabetes tipo 2 prevenção controle exercício físico educacao fisica type 2 diabetes prevention control and influence of regular exercise

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