Diabetes mellitus como causa de amputação não traumática no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O diabetes mellitus é considerado um importante problema de saúde pública, uma vez que é altamente prevalente e tem havido um progressivo aumento na sua incidência nos últimos anos. As complicações crônicas do diabetes são importantes causas de morbidade e mortalidade e dentre elas se destacam as amputações em membros inferiores. O presente estudo tem como objetivo verificar o diabetes mellitus como causa de amputação não traumática em membros inferiores, observando se o fator desencadeante desta poderia ser evitado, identificar fatores de risco e a participação dos pacientes amputados em grupos de educação em diabetes e comparar os resultados com os de outra pesquisa anteriormente realizada na mesma instituição. Foram entrevistados, prospectivamente, durante 1 ano, os 124 pacientes com amputações em membros inferiores por causas não traumáticas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Destes, 53% eram diabéticos. A média de idade e o sexo não mostraram diferença entre diabéticos e não diabéticos (p =0,122 e p = 0,604 respectivamente). Nos diabéticos, 72,7% das amputações foram desencadeadas por causas evitáveis, houve predomínio de amputações menores (73,1%), a maioria era de diabéticos do tipo 2 (86,4%), com mais de 10 anos de diagnóstico da doença (59,1%) e fazia uso de insulina (60,6%) como forma de tratamento. Grande parte dos diabéticos nunca havia freqüentado grupos de educação (57,6%), porém 69,7% relataram ter recebido anteriormente orientações quanto a cuidados com os pés. Mais de 80% deles dosavam glicemia capilar em instituições de saúde e mais da metade fazia o exame apenas mensalmente ou ainda mais esporadicamente. Quando comparados aos não diabéticos, apresentavam-se significativamente mais obesos ou com sobrepeso (p = 0,001) e com os níveis de uréia e creatinina mais elevados (p = 0,011 e p = 0,012 respectivamente). A prática de atividade física não era hábito da maioria dos pacientes amputados no HC-UFU, apesar de relatarem conhecer sua importância e benefícios. Nos não diabéticos prevaleceram as amputações maiores (58,2%) e houve associação com o tabagismo (p<0,001). Com relação ao número de amputações prévias não houve diferença entre diabéticos e não diabéticos (p = 0,908). As causas das amputações foram predominantemente mistas (infecciosa e isquêmica). Diabetes mellitus é a principal causa de amputações não traumáticas em nosso meio e a maioria dos fatores desencadeantes das amputações é de causas evitáveis.

ASSUNTO(S)

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