Determinantes do retardo de crescimento em crianças hospitalizadas: um estudo caso controle
AUTOR(ES)
Lima, Marilia de Carvalho, Motta, Maria Eugênia Farias Almeida, Santos, Eliane Cavalcanti, Silva, Gisélia Alves Pontes da
FONTE
Sao Paulo Medical Journal
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004-05
RESUMO
CONTEXTO: Desnutrição energético-protéica constitui um problema de saúde pública especialmente em países em desenvolvimento. A identificação de fatores de risco passíveis de controle é de grande importância para os sanitaristas planejarem intervenções a fim de reduzirem a desnutrição na infância. OBJETIVOS: Identificar fatores de risco para desnutrição energético-protéica em crianças hospitalizadas e de baixa renda com 6 a 24 meses de idade. TIPO DE ESTUDO: Estudo do tipo caso-controle. LOCAL DO ESTUDO: Instituto Materno Infantil de Pernambuco e Hospital Barão de Lucena, dois hospitais públicos do Recife, nordeste do Brasil. PARTICIPANTES: Casos foram 124 crianças com comprimento para a idade abaixo do 10º percentil para a curva do National Center for Health Statistics e controles foram 241 crianças com comprimento para a idade igual ou acima do 10º percentil e recrutadas na mesma enfermaria. MÉTODOS: Casos e controles foram comparados em relação a uma série de fatores sociodemográficos, ambientais, reprodutivos, assistência à saúde, prática alimentar e morbidades prévias. Análise de regressão logística foi utilizada a fim de investigar o efeito independente dos fatores de risco para desnutrição infantil, após ajuste para potenciais fatores de confusão. A estratégia analítica usada foi o modelo hierárquico que consiste na entrada das variáveis explanatórias no modelo em uma ordem previamente estabelecida pelo pesquisador, baseada em um modelo conceitual que descreve as relações lógicas e teóricas entre os fatores de risco. RESULTADOS: A idade materna, posse de aparelho de TV, tipo de abastecimento de água, tamanho da família e local de moradia apresentaram associação significante com a desnutrição; no entanto, essas associações perderam a significância depois de serem controladas por outras variáveis explanatórias na análise de regressão logística hierarquizada. Esta análise mostrou que o baixo peso ao nascer contribuiu com o maior risco para desnutrição na população estudada (odds ratio = 6,04; p = 0,005). Maiores riscos para desnutrição também foram significantemente associados com habitações sem sanitário e sem geladeira, multiparidade, nunca ter sido amamentado, vacinação desatualizada e hospitalização prévia por diarréia e pneumonia. DISCUSSÃO: A literatura mostra que a desnutrição crônica, apontada por índices de altura-para-idade baixos, está freqüentemente associada a baixa renda. Isto não foi verificado neste estudo, em que outras variáveis, tais como peso baixo ao nascer e acesso a sanitários e refrigeradores, além da paridade da mãe, amamentação, vacinação e história de diarréia e pneumonia, tiveram maior impacto sobre o crescimento das crianças. CONCLUSÕES: Em vista da multicausalidade da desnutrição, as interrelações entre seus determinantes devem ser levadas em consideração ao se adotar estratégias para a sua redução e prevenção.
ASSUNTO(S)
desnutrição protéico-energética fatores socioeconômicos baixo peso ao nascer setor de assistência à saúde desnutrição morbidade infantil
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