Detecção das anormalidades hemopoieticas por citometria de fluxo, e sua utilidade no diagnostico das sindromes mielodisplasicas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Síndromes Mielodisplásicas (SMDs) são desordens clonais da célula precursora hematopoética pluripotencial caracterizadas por alterações na proliferação e maturação celulares e presença de apoptose medular excessiva. Alterações cariotípicas na mielodisplasia são comuns. Apesar dos critérios de diagnóstico estarem bem estabelecidos, o uso da citometia de fluxo (CF) no estudo desta doença tem sido muito explorado, pois desordens não-clonais (DNCs), que também apresentam citopenias periféricas, podem dificultar o diagnóstico. Populações eritroblástica, granulocítica, monocítica, linfóide e blástica em medula óssea (MO) de pacientes com SMD foram estudadas e comparadas à MO normal (doadores para transplante de MO) e às DNCs. Foram incluídos no estudo 32 casos de SMD (20 AR, 05 ARSA, 07 AREB), 11 controles normais e 10 pacientes com DNCs confirmadas. Selecionamos as populações celulares pelo dot plot CD45/side scatter (SSC). A análise quantitativa dos marcadores eritroblásticos CD71 e Glicoforina A (GlyA); granulocíticos e monocíticos CDllb, CD13, CDI6, CDI0 e CD64; linfóide CDI9, CD3, CD4, CD8 e CDI6; além do precursor CD34 e o pan leucocitário CD45, foi obtida através da intensidade média de fluorescência (IMF). A granularidade citoplasmática das células granulocíticas foi observada pela baixa IMF do SSC. Mielopoiese, presença de aberrações fenotípicas e o padrão maturacional também foram avaliados nestas células. Todos os pacientes com SMD tiveram algum tipo de alteração nas populações avaliadas pela CF. Os eritroblastos apresentaram perfil maturacional alterado em 20 casos (64,4%) e os monócitos em 22 (68,7%). Os granulócitos em 7 casos tiveram 1 anormalidade imunofenotípica, em 9 pacientes houve 2, em 9 casos 3 e em 2 pacientes 4 expressões anormais foram encontradas. O SSC esteve alterado em 7 casos (23%), os perfis do CDI6/CDl1b e CDI6/CD13 em 18 (56,2%) e 20 casos (66%), respectivamente, , o CD13 em 22 (73%), o CDllb em 17 (56%), , o CD16 em 11 (36%), o CD45 em 17 (56%), e por fim a deficiência do CDlO encontrada em 3 casos (10,3%). Assincronismo maturacional na população granulocítica foi encontrado enquanto nasDNCs a maturação granulocítica foi mantida. Os monócitos tiveram número aumentado tanto nos pacientes com SMD quanto nos com DNCs. A expressão do SSC, CD13 e CDl1b foram similares nos 3 grupos. CD64 esteve aumentado nos 2 grupos de pacientes enquanto o CD16 apenas na SMD. O CD45 esteve diminuído somente no grupo das DNCs. Os linfócitos B nos pacientes AREB tiveram uma diminuição intensa em relação aos outros subtipos FAR A maturação B está comprometida na SMD tanto numericamente quanto na expressão antigênica dos grupos de baixo e alto risco. Uma aberração fenotípica CD19+/cCD79a-foi encontrada nas células B na SMD mas não nos controles. As células T não tiveram alterações consideráveis. Os mieloblastos foram analisados nos dot plots CD16/CD11b e CD16/CD13 e CD34. Houve uma correlação entre a porcentagem de blastos visualizados pela morfologia (mielograma) com os do dot plot CD16/CD13 e número de células CD34 positivas, mas não com aqueles quantificados pelo dot plot CD16/CDllb. A técnica da CF pôde demonstrar presença de assincronismo maturacional, aberrações fenotípicas, granulopoiese alterada e utilidade na detecção de anormalidades imunofenotípicas na SMD. Além disso, possibilita monitorar a evolução da doença, observada pelo aumento de blastos na MO, e é capaz de diferenciar a SMD das citopenias periféricas não-clonais.

ASSUNTO(S)

sindromes mielodisplasicas hematopoese citometria de fluxo linfocitos

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