Desintegrinas de Bothrops alternatus: biologia molecular, estudos in vitro, in vivo e bioinformática estrutural.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Desintegrinas são toxinas frequentemente encontradas em venenos de serpentes e cujos efeitos biológicos relacionam-se com suas ligações a receptores celulares conhecidos como integrinas. Visando o isolamento de novas desintegrinas da serpente Bothrops alternatus, foi construída uma biblioteca de cDNA a partir de transcritos presentes nas glândulas veneníferas de um espécime dessa serpente. Duas desintegrinas, denominadas DisBa-01 e DisBa-02, foram clonadas e seqüenciadas. Também foi possível a amplificação de outras prováveis desintegrinas médias e metaloproteases-desintegrinas. A desintegrina, DisBa-01, foi expressa em um sistema bacteriano otimizado (Escherichia coli BL21(DE3) pET28a+DisBa-01) e testada em uma série de ensaios biológicos. A toxina recombinante inibiu a agregação plaquetária induzida por colágeno em plasma rico em plaquetas (PRP) de coelhos (IC50= 235nM). Utilizando ADP como indutor também se constatou a inibição da agregação plaquetárias em PRP de coelho (IC50= 124nM) e humano (IC50= 475nM), além da inibição da agregação de plaquetas lavadas de camundongos (IC50= 25nM). Em ensaios de competição pela da integrina αIIbβ3 na presença de ligantes específicos, obteve-se os IC50s de 18 e 70nM, respectivamente, para o fibrinogênio e para um anticorpo específico contra a integrina ativada. A toxina inibiu ainda a proliferação de células com expressão mais representativa de integrina αVβ3, HMEC-1 e B16F10-2B8, de maneira dose/tempo dependente, bem como adesão de células B16F10-2B8 à vitronectina (IC50= 225nM). In vivo, a toxina significativamente inibiu a formação de trombos em arteríolas (Experimental: 58,4 1,6 min; Controle: 24,3 2,8 min, p<0,002) e vênulas (Experimental: 46,6 6,8min.; Controle: 27,1 1,3min., p<0,002), prolongou o tempo de sangramento (Experimental: 989 140 segundos; Controle: 202 22 segundos; p<0,008) e inibiu a formação de metástases pulmonares (~92% no 12 dia após a injeção das células tumorais). Os resultados obtidos somados a estudos por bioinformática estrutural sugerem fortemente a ligação com integrinas como a αIIbβ3 e αVb3, motivando o prosseguimento de estudos visando a aplicação terapêutica e/ou laboratorial da DisBa-01 ou possíveis derivados.

ASSUNTO(S)

desintegrinas biotecnologia genetica câncer trombose venosa biologia molecular bioinformática

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