Descolonizando a saúde planetária

AUTOR(ES)
FONTE

Horiz. antropol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-04

RESUMO

Resumo Intimamente conectada com decisões políticas e interesses de mercado, a pandemia de Covid-19 é uma calamidade crônica agudizada que assola o mundo inteiro, desestabilizando conhecimentos e práticas biomédicas hegemônicas e revelando a precariedade dos sistemas de saúde pública, assim como a impotência profunda das redes de seguridade social e a fragilidade dos laços de solidariedade que imaginávamos estáveis. O artigo reflete sobre os desafios impostos aos cientistas sociais e profissionais da saúde em contextos neoliberais e à beira da autocracia num momento em que seus métodos e conceitos-chave são chamados a dar conta de forma mais adequada aos complexos enredos territorializados pela emergência generalizada e a cultivar micro, meso e macromodos de resistência. Assim, instrumentos analíticos da antropologia médica e da saúde global crítica, como vulnerabilidade estrutural, determinantes políticos, racialização, farmaceuticalização e descolonização do saber, podem ser valiosos recursos para leitura do presente e de intervenção nele, mas são também desafiados pela dinâmica realidade que se desdobra. Contra o pano de fundo de uma crescente tensão entre a tecnocrática produção de microdispositivos humanitários e o desenvolvimento de uma ciência integrada de saúde planetária, o artigo ilumina a urgência da articulação de uma ética amazônica de cuidado.

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