(Des)caminhos da psicologia : possibilidades para se pensar uma psicologia menor nas salas de aula do ensino médio

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta pesquisa tem a intenção de discutir as possibilidades de uma educação e uma psicologia nomeadas/forjadas como “educação menor” e “psicologia menor”. Ou seja, uma educação e uma psicologia pensadas como possíveis atos de resistência aos fluxos instituídos dos saberes, às políticas impostas pelas diretrizes macropolíticas, às metanarrativas que constituem os campos disciplinares. O fazer de uma “educação menor” e de uma “psicologia menor” pretende trabalhar com o micropolítico da sala de aula e as micro-relações cotidianas de cada sujeito, funcionando, talvez, como táticas de resistência que buscam dar espaço às vozes silenciadas; uma educação e uma psicologia que, como nos proporia Silvio Gallo (2003), seriam capazes de produzir um mundo dentro do mundo, de cavar trincheiras de desejo e de construir suas leis, seus planos, seus atos de singularização. Partimos do entendimento de que teoria e conhecimento são invenções, são produções que, ao mesmo tempo, produzem e criam efeitos de verdade (Foucault), efeitos de realidade (Barthes), não se limitando a descrever ou explicar a realidade e estando, então, irremediavelmente implicados na sua produção. Nesse sentido, na medida em que descrevem um objeto, o inventam, sendo o objeto um produto, um efeito de sua criação. Assim, a teoria ou o conhecimento não representariam a realidade, mas a fabricariam (SILVA, 2001; 2003). À medida que falamos, pesquisamos e produzimos conhecimento e saber, estamos sempre nos posicionando, escolhendo e produzindo. Desse modo, nossas escolhas são sempre interesseiras e interessadas, vivendo na arena do conhecimento um verdadeiro embate de forças. O que pretendo fazer neste estudo, neste movimento de pensar é dar voz aos alunos e professores, fazer falar as suas narrativas e as estratégias utilizadas no ensino de Psicologia no espaço escolar, bem como pensar se haveria outras possibilidades para a inserção e funcionamento da Psicologia no Ensino Médio. Esta dissertação propõe uma investigação que busca viabilizar um olhar perspectivo, a partir das narrativas, vozes e práticas de sujeitos que tecem e que produzem toda uma trama nas aulas de Psicologia, uma vez que nessas vozes podemos encontrar pistas de suas vidas-tramas-dramas-humores-rumores-psi-escolares. Este pode tornar-se um caminho possível (dentre tantos outros). Penso que a possibilidade de escuta e de análise dessas vozes e narrativas e das práticas escolares, ou seja, daquilo que é vivido e produzido no/pelo espaço psi na sala de aula pelos seus sujeitos, se faz importante por entender que aí podem ser apontados percursos outros, para fazeres produzidos na intersecção da Psicologia e da Educação com as experiências de vida. Estou entendendo percursos outros como formas contingentes de fazeres psi, não como busca de um fazer psi verdadeiro; o que pretendo é apenas alargar as fronteiras desses campos, problematizar e pensar outras possibilidades de intervenção no espaço escolar.

ASSUNTO(S)

psicologia ensino médio prática pedagógica

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