Cultura in vitro da especie do cerrado Sinningia allagophylla (Martius) Wiehler (Gesneriaceae) : enraizamento, tuberização e nutrição com enfase em aluminio / In vitro cultivation of cerrado species Sinningia allagophylla (Martius) Wiehler (Gesneriaceae) : rooting, tuberization and nutrition with emphasis in aluminium

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Sinningia allagophylla (Gesneriaceae) é uma herbácea perene amplamente distribuída no Brasil, encontrada principalmente em formações campestres do Cerrado, bem como em alguns afloramentos rochosos da Mata Atlântica, crescendo, assim, em ambiente inóspito (sujeito à seca e ao fogo, em solos ácidos, deficientes em nutrientes e com teores elevados de alumínio e de manganês). Como outras espécies do Cerrado, apresenta fases fenológicas bem definidas: no outono as partes aéreas das plantas morrem e o órgão subterrâneo passa por um período de dormência no inverno, seguido por um período de rápida brotação na primavera. É uma espécie com potencial ornamental e o tubérculo que produz possui potencial exploração econômica pelo conteúdo de carboidratos que apresenta. Também é ecologicamente importante como fonte de néctar para beija-flores. Estudos anteriores mostraram que S. allagophylla responde de forma satisfatória ao cultivo in vitro, podendo ser obtido em um curto período um número grande de plantas. Entretanto, em tais estudos as microplantas não produziram o microtubérculo que apresentam in natura e um sistema radicular desenvolvido, estes necessários para a produção de mudas da espécie, disponíveis o ano todo, para a sua comercialização, preservação e para a realização de estudos fisiológicos. Para tanto, foram realizados estudos utilizando-se como explantes segmentos nodais da região mediana do caule de plântulas, estas resultantes da germinação in vitro de sementes da espécie. As sementes foram obtidas a partir de plantas crescidas em área de Campo Cerrado (solos com valor de pH 3,9, com baixos teores de nutrientes e altos para alumínio trocável), da Reserva Biológica e Estação Experimental de Moji-Guaçu (22° 15-16?S e 47° 8-12? W, 585 ?635 m de altitude), SP. Investigações in vitro de vários aspectos da presença de alumínio no cultivo de S.allagophylla, bem como do enraizamento e da tuberização, resultaram três experimentos, estes realizados com explantes cultivados em meio líquido ½ B5, com valor de pH 4,6 e fotoperíodo de 16 h. No primeiro experimento verificou-se o efeito da concentração de sacarose e de diferentes temperaturas na produção de raízes adventícias e de microtubérculos. No segundo experimento procurou-se obter uma melhor produção de microtubérculos pelas microplantas, tendo sido testados os efeitos do regulador de crescimento ANA e da intensidade luminosa. Já no terceiro experimento foram avaliadas as respostas da espécie ao estresse do alumínio, bem como para a deficiência de nutrientes e baixo valor do pH. Os resultados obtidos foram: (a) maior concentração de sacarose (40 g/kg) que a usada no meio padrão MS (30 g/kg) promoveu a produção de raízes adventícias em S. allagophylla; (b) a temperatura de 25 ± 2°C no período de luz e 20 ± 2°C no período de escuro apresentou um efeito indutor no crescimento radicular e na produção de microtubérculos pela microplanta; (c) a aclimatação bem sucedida ocorreu apenas nas microplantas apresentando microtubérculos com diâmetro aproximado de 8,0 mm, num período de cultivo de pelo menos 120 dias; (d) A presença do regulador de crescimento ANA, suplementado ao meio de cultivo, foi tóxico, induzindo a formação de calo na base da microplanta e de clorose nas folhas; (e) a mistura de luz fluorescente com incandescente (F+I) induziu a produção de microtubérculos e estes com diâmetro maior; (f) o efeito do alumínio sobre o crescimento da microplanta dependeu da concentração testada: em 200 µM ocorreu clorose nas folhas e necrose nas extremidades das raízes, cessando o crescimento das microplantas; em 100 µM não ocorreram sintomas de toxicidade, o crescimento das microplantas não foi prejudicado e, ao contrário, ocorreu um crescimento significativamente maior do diâmetro do microtubérculo e uma tendência, em nível não significativo, de maior crescimento do sistema radicular; (g) as análises químicas da parte aérea das microplantas revelaram um acúmulo de alumínio e de manganês, em mais de 1000 mg/kg e de 300 mg/kg, respectivamente, não apresentando deficiência dos demais nutrientes e (h) com o aumento da concentração de alumínio no meio, de 50 µM para 100 µM, ocorreu um maior acúmulo, tanto de alumínio como de manganês, na parte aérea das microplantas. Os resultados obtidos permitiram a elaboração de um protocolo de micropropagação para S. allagophylla, o qual torna possível a produção de mudas homogêneas da espécie. Também, demonstrou que S. allagophylla é uma espécie acumuladora de alumínio e de manganês e é eficiente na absorção dos nutrientes presentes em substratos com deficiências minerais, com baixo valor do pH e com alumínio disponível. A espécie apresenta, assim, estratégias que permitem a sua sobrevivência nas condições a que está sujeita no bioma Cerrado

ASSUNTO(S)

tuberization raizes (botanica) roots (botany) cerrados tuberização plnat micropropagation plantas - propagação in vitro cerrado

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