Correção da falha óssea femoral e tibial pelo método do transporte ósseo de Ilizarov

AUTOR(ES)
FONTE

Acta Ortopédica Brasileira

DATA DE PUBLICAÇÃO

2000-12

RESUMO

Analisamos retrospectivamente 11 pacientes submetidos à técnica do transporte ósseo de Ilizarov, todos portadores de falha óssea diafisária secundária a ressecção de segmentos ósseos infectados, 5 localizadas no fêmur e 6 na tíbia. No grupo de pacientes com lesão femoral a falha óssea variou de 7cm a 12 cm, em dois destes pacientes havia encurtamento do membro de 2 cm. No grupo com lesão tibial a falha óssea variou de 2,5cm a 10cm, com encurtamento do membro em dois pacientes de 1,5cm e 2 cm respectivamente. O tempo médio de seguimento desde o final do tratamento até essa avaliação foi de 49 mêses para os pacientes portadores de lesão femoral e de 28,3 meses para os pacientes portadores de lesão tibial. O transporte femoral foi do tipo bifocal, o transporte tibial foi bifocal em 4 pacientes e trifocal em 2 pacientes. Em todos nossos pacientes ocorreu formação do regenerado. A consolidação do foco alvo foi naturalmente obtida em 7 pacientes, um paciente necessitou enxertia óssea para obtenção da consolidação deste foco. Em 3 pacientes a não união do foco alvo fez com que fosse modificado o método de tratamento, com a retirada do fixador circular externo. Em todos os pacientes ocorreu infecção no trajeto dos fios. Houve quebra dos fios de toda montagem feita na coxa. Todos fios perderam a tensão que inicialmente lhes foram imposta. Dois pacientes submetidos ao transporte femoral evoluíram com artrite séptica do joelho. A mobilidade do joelho foi severamente comprometida nos pacientes que realizaram o transporte femoral, o mesmo ocorrendo em relação ao tornozelo dos pacientes submetidos ao transporte tibial. Todos os pacientes com lesão na tíbia terminaram o tratamento com encurtamento do membro, o mesmo ocorrendo em 2 pacientes tratados devido a lesão femoral. Durante o tratamento nenhum paciente sentiu-se confortável e todos necessitaram de suporte para conseguir apoio parcial do membro. Todos pacientes ficaram satisfeitos com o resultado do tratamento. Concluímos que a resposta biológica ao transporte ósseo é formidável, com a formação do regenerado reparando grandes falhas ósseas. Entretanto, consideramos que o aparelho circular externo preconizado por Ilizarov traz consigo diversas complicações principalmente relacionadas a presença dos fios transfixantes, causando sofrimento para os pacientes, principalmente quando instalados no fêmur.

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