Corpo sitiado..., a comunicação invisível: dança, rodas e poéticas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O aumento da exposição midiática de imagens de corpos cadeirantes promove a impressão de colaborar para a inclusão social do corpo que nomeamos de deficiente. Todavia, a ação das nomeações consagradas pela imprensa, como a de pcd (pessoa com deficiência), opera justamente no sentido contrário, midiatizando a deficiência, transformando-a em um estigma. As imagens de corpos cadeirantes que ganham divulgação estão sempre associadas à questão da superação de limites, vinculando aqueles corpos somente aos valores em circulação no mundo do desporto. O destaque que a Paraolimpíada ocupa na mídia se insere aí, na consolidação da abordagem desses corpos com imagens que se congelam em torno de uma uniformização das deficiências em um nicho único, delimitado pelo conceito de eficiência/produtividade adotado. Faz-se necessária uma reflexão crítica a respeito dessa situação para poder tratar da dança que esse corpo pratica fora dos estreitos limites impostos por esse mecanismo estigmatizador. Para isso, aqui se adota a Teoria Corpomídia (Katz &Greiner), com a qual se apresenta a hipótese de que o corpo do dançarino cadeirante é um sistema complexo e apto a romper com o discurso perverso que as imagens congeladas produzem. O conceito de corpomídia, formulado a partir do estudo da comunicação entre corpo, e seus ambientes, favorece o entendimento do papel que a exploração midiática tem quando congela as imagens que produz em torno da deficiência e não do deficiente com suas singularidades. A metodologia contempla um Estudo de Caso, o do espetáculo Judite quer chorar, mas não consegue! , criado pelo dançarino cadeirante Edu Oliveira; entrevistas com fins de pesquisa qualitativa; análise crítica dessas entrevistas, realizadas após a apresentação do espetáculo em duas cidades diferentes (Salvador e Votorantim); revisão bibliográfica do tema do corpo deficiente; registros em vídeo. A pesquisa bibliográfica permitiu um breve esboço panorâmico/ histórico do acesso dos cadeirantes ao mundo da dança e suas implicações sociais. Concluiu-se que o dançarino cadeirante é cultural e biologicamente implicado em um sistema de construção de imagens que o associam ao corpo coitadinho e que são elas que o alimentam cognitivamente, com conseqüências nefastas para o processo de sua inclusão social. Daí a urgência em promover ações que possam romper com a ação midiática em curso. É esse o papel que a dança em cadeira de rodas tem e, para desempenhá-lo, não pode se manter pautada pelos critérios do desporto. A dança em cadeira de rodas precisa descobrir as suas poéticas, pois são elas que potencializam uma inserção social efetiva

ASSUNTO(S)

corpo portador de deficiência (pcd) frozen images carrying body of deficiency (pcd) mediatization of the stigma dança em cadeira de rodas danca para deficientes corpomedia judite quer chorar, mas não consegue (danca) corpomídia comunicacao estigma (psicologia social) judite quer chorar mas não consegue dance in wheels chair imagens congeladas judite wants to cry but it does not get it imagem corporal midiatização do estigma

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