Contexto familiar de crianças com síndrome de Down : interação e envolvimento paterno e materno.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Mudanças na sociedade trazem uma nova forma de organização da família e um novo olhar sobre a participação do homem neste contexto. Apesar da reconhecida importância do pai, no Brasil, são poucos os estudos que visam conhecer as características das relações entre o pai e seu filho com necessidades especiais. Além disso, as descobertas sobre o envolvimento dos pais com suas crianças são variadas: às vezes as mães são mais envolvidas, outras os pais gastam um tempo significativo com seus filhos com necessidades especiais. Uma melhor caracterização seria obtida com medidas de observação tanto das interações pai-criança, como das interações mãe-criança, buscando assim uma visão sistêmica da família. Deste modo, o objetivo deste estudo foi descrever as interações do pai e da mãe com seu filho com Síndrome de Down em situação de brincadeira e comparar essas interações, levando em consideração variáveis como stress, empoderamento, auto-estima e ambiente domiciliar, assim como a participação do pai no cuidado com a criança e nas atividades domésticas, a influência dos avós e a visão paterna sobre aspectos da paternidade e a deficiência da criança. Participaram deste dez famílias de crianças com Síndrome de Down com idade entre dois e seis anos; de diversos níveis sócio-econômico e educacional; residentes nas cidades de Ribeirão Preto e São Carlos. Foram utilizados: Critério Brasil, Questionário de Caracterização do Sistema Familiar, Guia Geral de Transcrição dos Dados de Entrevista, Entrevista de Caracterização do Papel do Pai Brasileiro na Educação da Criança com Deficiência Mental, Inventário HOME, QRS-F, ISSL, FES, PSOC, Protocolo de Categorias de Análise das Filmagens de Interação e Sistema Definitivo de Categorias Observacionais. Esses instrumentos serviram de base para a entrevista, observação domiciliar e análise das filmagens (no total de 1 hora) de interação entre os membros da família. Os resultados indicam que: a mãe era a responsável principal pelas tarefas domésticas; o pai dividia os cuidados com a criança em metade da amostra; a rede social de apoio era composta pela própria família e parentes; a maioria dos avós participavam da vida familiar; apenas uma família oferecia um ambiente rico em estimulação e apoio à criança; os genitores apresentaram baixas porcentagens de stress relacionado à presença da criança deficiente; metade dos genitores apresentou sintomas indicativos de stress; todos se consideraram empoderados; e a maioria apresentou auto-estima elevada. Em relação aos genitores masculinos: metade passava boa parte do dia com suas crianças; a maioria se considerava um bom pai; todos se consideravam uma figura importante na vida de seus filhos; e a maioria acreditava que a criança teria uma vida bem próxima do normal no futuro. Em relação às observações, olhar na direção da criança foi o comportamento positivo de maior freqüência para os pais; nenhum genitor corrigiu comportamentos inadequados; e o comportamento negativo de maior freqüência foi comentários negativos. O comportamento positivo mais emitido pelas crianças foi prestar atenção e o comportamento negativo foi desobediência. Além disso, o tipo de atividade mais freqüente foi Brincadeiras com objetos e as interações ocorreram predominantemente de forma Conjunta, com transição Direta de uma atividade para outra, com Sincronia, Supervisão, Amistosidade e Liderança. Conclui-se que esses pais, no geral, parecem estar envolvidos com seus filhos, oferecendo estimulação variada a eles, e apresentam baixo nível de stress e se mostram empoderados quanto a presença de uma criança deficiente.

ASSUNTO(S)

educação participação dos pais educacao especial relação mãe-filhos stress (psicologia) mother-child interaction educação especial father-child interaction parental involvement auto-estima empoderamento down syndrome

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