Construção do Conhecimento Matemático: natureza, transmissão e gênese

AUTOR(ES)
FONTE

Bolema

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2019

RESUMO

Resumo A pesquisa visa a responder, com docentes de outros países, o mesmo problema de pesquisas anteriores realizadas no Brasil: que concepção epistemológica docente fundamenta o ensino, em particular, de Matemática? O objetivo específico é levantar concepções epistemológicas de docentes do exterior para saber se são congruentes com as encontradas no Brasil - predominantemente empiristas, amparadas às vezes por aprioristas e, raramente, construtivistas. O objetivo último é fornecer subsídios para transformar o ensino de Matemática. Analisam-se neste texto as respostas de 17 professores, de todos os graus de ensino, de três países sul-americanos, às três primeiras das 24 questões feitas aos docentes, mediante entrevistas. Foram encontradas basicamente as mesmas concepções epistemológicas do Brasil, sobre natureza, transmissibilidade e gênese do conhecimento matemático. Assemelham-se quanto à ausência de preocupação com a gênese do conhecimento matemático, à crença na transmissibilidade dos conceitos dessa ciência, à natureza desse conhecimento e à presença de concepções epistemológicas empiristas e aprioristas. Diferenciam-se, porém, quanto à presença, com certa intensidade, de concepções epistemológicas críticas (embora às vezes de forma inconsciente), à repercussão destas no ensino e nas concepções de aprendizagem dos conteúdos pertinentes e na insistente preocupação com a aplicação prática desses conhecimentos. A referência teórica que orienta a análise é a Epistemologia Genética de Jean Piaget, especialmente sua obra sobre abstração reflexionante, com foco na abstração pseudo-empírica. Criticam-se os mitos de que a Matemática está em tudo, de que os seres humanos nascem matemáticos e de que, enquanto matemáticos, são produtos da pressão social exercida pelo ensino escolar. Critica-se, igualmente, a baixa valorização da ação do sujeito na construção desse conhecimento.Abstract This research aims to respond, with scholars from other countries, to the same problem as earlier studies developed in Brazil: which epistemological teaching conception underlies teaching, particularly in Mathematics? The specific objective is to survey epistemological conceptions of foreign teachers to know whether they are in line with those found in Brazil - which are predominantly empiricist, sometimes supported by aprioristic conceptions, and rarely constructivist. The final objective is to provide background to transform Mathematics teaching. Seventeen teachers from three South American countries were interviewed, using a 24-question script. This text presents their answers to the first three questions. Basically, the same epistemological conceptions found in Brazil were identified, considering the nature, transmission, and genesis of mathematical knowledge. They are similar in terms of the lack of concern with the genesis of mathematical knowledge, the belief in the transmission of this science's concepts, the nature of this knowledge and the presence of empiricist and aprioristic epistemological conceptions. Nevertheless, they differ regarding the somewhat intense presence of epistemological conceptions that are critical (although sometimes unconsciously) towards their repercussions in teaching, in the learning conceptions of the pertinent contents, and in the insistent concern with the practical application of that knowledge. The theoretical framework that guides the analysis is Jean Piaget's Genetic Epistemology, especially his work on reflective abstraction, focused on pseudo-empirical abstraction. The myths criticized that Mathematics is present in everything; that human beings are born mathematicians and that, as such, they are products of the social pressure school education exerts. Similarly, the low valuation of the subject's action in the construction of that knowledge is criticized.

Documentos Relacionados