Construção de confiança na América do Sul: a política externa do governo Figueiredo (1979-1985)
AUTOR(ES)
João Nackle Urt
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
A presente dissertação situa-se na intersecção entre os temas da política externa brasileira do governo do presidente João Batista Figueiredo (1979-1985) e das relações interamericanas de segurança do mesmo período. Demonstrou-se que até o começo da década de 1980, a América do Sul era vista por especialistas como uma região instável, com risco de alastramento de conflitos armados e até de nuclearização. Além disso, alguns atos da política externa brasileira antes de 1979 davam margem a que o Brasil fosse visto por seus vizinhos como um país intervencionista, imperialista ou subimperialista. Com o advento da crise energética e da crise dos juros, entre o fim da década de 1970 e o começo da década de 1980, o Brasil viu limitadas suas possibilidades de atuação internacional. O governo Figueiredo entendeu que cabia concentrar seus esforços diplomáticos numa só área preferencial de atuação. A área escolhida foi aquela onde havia melhores chances de sucesso, dada a proximidade geográfica e a ausência de grandes potências: a América do Sul. Para executar esse projeto de aproximação com a América do Sul era necessário construir uma identidade regional mais amigável para o Brasil. Assim, durante esse período, o interesse-síntese que orientou o discurso político e as ações diplomáticas do País, notadamente em questões de segurança, foi a construção de confiança com os países da América do Sul. Isso pôde ser observado por ocasião de dois eventos emblemáticos das questões de segurança na região: a Guerra das Malvinas (1982) e os golpes de Estado no Suriname (1980 a 1982). Por meio da neutralidade imperfeita na Guerra das Malvinas e da missão Venturini, enviada ao Suriname com o objetivo de afastar a influência cubana, o Brasil comunicou uma identidade regional de país cooperativo e confiável. Pode-se concluir que a política externa do governo Figueiredo, além de colaborar com a construção de uma zona de influência para o Brasil na América do Sul, também contribuiu com a formação de um complexo sul-americano de segurança relativamente pacífico, tal como ele se apresenta contemporaneamente.
ASSUNTO(S)
figueiredo government suriname falklands war interamerican security guerra das malvinas brazilian foreign policy suriname segurança interamericana relacoes i?internacionais, bilaterais e multilaterais política externa brasileira governo figueiredo
Documentos Relacionados
- DO ESTRANGULAMENTO EXTERNO À MORATÓRIA: A NEGOCIAÇÃO BRASILEIRA COM O FMI NO GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
- CONTAG e a crise de representação no campo (1979-1985)
- A ruína do consenso: a política exterior do Brasil no governo Figueiredo (de 1979 a 1985)
- Política externa brasileira para a América do Sul durante o governo Lula: entre América do Sul e Mercosul
- Construção de hegemonia político-cultural no contexto da transição: narrativas sobre democracia e socialismo em Encontros com a Civilização Brasileira, Cuadernos de Marcha (segunda época) e Controversia (1979-1985)