Conhecimento popular sobre plantas do cerrado como subsídio para propostas de educação ambiental / Popular knowledge on Cerrado plants as a subsidy to the Environmental Education proposal
AUTOR(ES)
Magno Rodrigues Borges
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Trabalhos em Etnobotânica e Educação Ambiental têm em comum a interdisciplinaridade e podem ser complementares. Enquanto a Etnobotânica se preocupa, por exemplo, com a visão e o conhecimento sobre as plantas nativas do Cerrado, trabalhando com base na botânica e na antropologia, a Educação Ambiental se ocupa em disponibilizar os valores e os conhecimentos necessários para a sustentabilidade de uma população. A pesquisa teve como objetivo avaliar, por meio de algumas metodologias Etnobotânicas, o conhecimento das espécies vegetais nativas e seus usos na área urbana de Martinésia (Uberlândia - MG), e fomentar, através da Pesquisa-Intervenção, projetos futuros de Educação Ambiental (EA) em uma visão mais sócio-interacionista para a conservação do referido ambiente. Para alcançar este propósito foram utilizadas entrevistas com a comunidade para identificar parceiros que pudessem divulgar seus conhecimentos sobre plantas do Cerrado (Informantes Chaves) e parceiros que tivessem a capacidade de intermediar o conhecimento popular e o científico e organizar práticas de Educação Ambiental (Editores). Foram aplicadas metodologias Etnobotânicas (entrevistas, walk-in-the-woods e pranchas) com os Informantes Chaves para averiguar o seu conhecimento popular, enquanto que os Editores passaram por entrevistas e auxiliaram na organização das oficinas de Educação Ambiental. Foram identificadas 49 espécies de plantas úteis pelo método etnobotânico walk in the woods, sendo que os usos mais frequentes foram o medicinal (45%) e o alimentar (28%). Dentro do uso medicinal das plantas nativas, 57% dos procedimentos destacados foram dos chás, a folha foi a parte da planta mais utilizada (33%) e as indicações das doenças mais tratadas por essas plantas foram para os sistemas respiratório (20%), geniturinário (18%), digestório (17%) e na pele (14%). A utilização das pranchas nas entrevistas não foi suficiente para que os Informantes Chaves falassem sobre seus conhecimentos, sua aplicação nas oficinas apresentou um resultado eficiente. As entrevistas (com a comunidade, com os Informantes Chaves e com os Editores) destacaram o conhecimento físico da comunidade (aspectos sociais, econômicos, biodiversidade e outros) e o simbólico (valores). A Educação Ambiental deve se basear em fatores físicos e biológicos da região, como seu clima e espécies nativas, contrastando o conhecimento popular e o da literatura científica. Entretanto, também se deve levar em consideração os fatores da comunidade, como: os sócio-econômicos, para melhor seleção do público alvo; os educacionais, para uma abordagem mais próxima à linguagem da comunidade e para que se contraste a educação formal e a informal; e ainda os fatores culturais, que permeiam o ambiente e o conhecimento dessa população. Devem, também, respeitar a cultura do local, que podem ter elementos racionais ou não, por dois motivos: para que as pessoas não se sintam feridas em suas ideologias e para que possa haver continuidade nas discussões sobre o ambiente como um todo (dos aspectos naturais aos humanos) para a sustentabilidade socioambiental.
ASSUNTO(S)
ecologia ethnobotany rural districts popular knowledge distritos rurais conhecimento popular environmental education educação ambiental etnobotânica
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.ufu.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2551Documentos Relacionados
- Etnofarmacologia como ferramenta para a educação ambiental
- AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DA FLORESTA NACIONAL DE CANELA (RS) COMO SUBSÍDIO AO ECOTURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
- Environmental zoning of the Town of Santos as subsidy to the physical-territorial planing
- Educação ambiental e cultura: articulando mídia e conhecimento popular sobre plantas
- As propostas metodológicas para a cartografia ambiental: uma revisão