Concepções de nação e estado nacional dos docentes de Geografia: Belo Horizonte no final do segundo milênio

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

RESUMO Esta pesquisa procura compreender as concepções dos professores de Geografia, que atuam em Belo Horizonte no final do segundo milênio, sobre nações e estados nacionais. É uma pesquisa qualitativa, situada no amplo conjunto da Teoria Crítica e na fronteira entre três ciências, a Ciência Política, a Geografia e a Educação. Consideramos os professores sujeitos e produtores de conhecimento em e sobre sua prática, bem como acerca dos princípios que a norteiam. Consideramos ainda que os saberes dos professores são teóricos (disciplinares, inclusive), práticos, sobre a prática e oriundos da prática, e que esta possibilita a (re)construção permanente de seus saberes e incide sobre suas crenças e identidade. Ao analisar as qualidades desejadas em bons professores, em especial para o ensino médio, ressalta-se a importância de ser boa pessoa, ter conhecimentos disciplinares e metodologia de ensino, além de ser capaz de conferir sentido ao conteúdo e de ensinar certo modo de raciocinar, integrando campos distintos do conhecimento humano. A escolha, tanto da Geografia, quanto dos conceitos de nações e estados nacionais associa-se à própria construção desta disciplina escolar, na medida em que esta se consolida vinculada ao Estado e a certo modo de propagar a ideologia nacional. Procuramos investigar se a geografia, em especial a escolar, constitui ainda, caminho para veiculação da ideologia nacional. As concepções dos professores entrevistados sobre nações e estados nacionais caracterizam-se por uma necessidade de materializá-los e diferenciá-los, na medida em que a prática com conteúdos como nova ordem mundial, conflitos e focos de tensão os trazem à baila. Assim, os professores entrevistados diferenciam nações e estados nacionais, sobretudo, com base em alguns elementos, tais como a questão cultural, étnica, identitária e de sentimento (pertencer a) para as nações; e, para os estados nacionais, a posse soberana sobre o território, a existência do aparelho estatal, e o reconhecimento de sua soberania por outros estados nacionais. Há ainda, por parte dos docentes entrevistados, o recurso à utilização intensiva do termo país, ora designando a um, ora ao outro. Há que se considerar também que, para construção da ideologia nacional no Brasil, o recurso ao discurso geográfico foi bem mais intenso que ao discurso histórico, uma vez que a construção de nossa identidade está calcada em elementos como a extensão territorial, a natureza (em seu duplo aspecto edênico e infernal) e a presença de um povo ordeiro e pacífico.

ASSUNTO(S)

educação teses.

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