Concepções de morte e estratégias de enfrentamento: um estudo com crianças de 06 a 10 anos com e sem experiência de perda por morte recente

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Estudos privilegiando as crianças como porta-vozes das suas percepções e experiências têm mostrado que estas são suficientemente competentes para se expressarem e não estão alheias aos acontecimentos circundantes, a exemplo da morte. Neste sentido, esta pesquisa procurou analisar as concepções de morte e estratégias de enfrentamento de 45 crianças de 6 a 10 anos e de camada social média, sendo 23 crianças com experiência de morte recente de pessoas afetivamente próximas e 22 sem a referida experiência. Como método, foi utilizada a entrevista narrativa subsidiada por dois roteiros de entrevistas semi-estruturadas e dois desenhos solicitados a cada criança. Os dados obtidos nas entrevistas foram submetidos à análise de conteúdo e, na análise dos desenhos, foram utilizados os mesmos critérios de Fávero e Salim (1995). Os resultados indicaram que mesmo as crianças de 6 e 7 anos souberam tratar do tema da morte, creditando-lhe causas mais realistas que mágicas. A estratégia de enfrentamento mais apontada foi a expressão emocional solitária de pesar seguida da distração. Quanto ao suporte social, foram encontradas diferenças decorrentes da experiência e diferenças de gênero. As crianças com experiência de morte recente privilegiaram apenas os pares como agentes de apoio, enquanto as demais, sem experiência, apontaram os pares e os pais. A maioria dos meninos e meninas sugeriu como suporte, respectivamente, atividades físicas e conversas. Na maior parte dos desenhos das crianças com experiência de morte recente, as pessoas mortas apresentavam expressão facial feliz. Diferentemente das crianças sem experiência de morte recente, grande parte dos desenhos das crianças com experiência de morte recente não foi colorida. Esta pesquisa demonstrou coerência entre as histórias e os desenhos, através dos elementos que se repetem e complementam. De modo geral, os resultados confirmaram a importância do diálogo sobre a morte com as crianças, sob a perspectiva de um luto saudável.

ASSUNTO(S)

concepções de morte mourning suporte social psicologia do desenvolvimento humano coping strategies luto estratégias de enfrentamento conceptions of death social support

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