Composição, estrutura e fatores determinantes da ictiofauna de um reservatório neotropical : Cachoeira Dourada, Goiás - Minas Gerais, Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente estudo teve por objetivo a caracterização da composição e da estrutura da ictiofauna da UHE Cachoeira Dourada (1527S e 4441W), que tem cerca de 74km2 (média) de área alagada. Para tanto foram selecionados dois pontos (P1 e P2) de coletas de peixes, onde foram instaladas baterias de 10 redes de espera com 50m cada, altura média de 2,0m, com malhas respectivamente de 20mm a 65mm entre nós adjacentes. Esses pontos foram amostrados de fevereiro de 2007 a janeiro de 2008. Em setembro de 2007 foi adicionado um ponto (P3) a montante do reservatório, em uma lagoa marginal, que foi amostrado também com o uso de redes de espera. As redes eram deixadas na água por 24h e a vistoria era feita a cada 12h. Paralelamente, foram coletados dados físicos e químicos de superfície e fundo em 05 pontos distribuídos longitudinalmente no reservatório e 01 imediatamente a jusante da barragem, de modo a monitorar limnologicamente o sistema. Os parâmetros limnológicos tiveram valores próximos entre cada um dos pontos, e não exibiram o gradiente no sentido rio-barragem típico de reservatórios. Não foi observada estratificação vertical de temperatura ou oxigênio. A variação sazonal dos parâmetros limnológicos (entre os meses de seca e cheia) foi maior que a variação longitudinal em cada período. Esses fatos sugerem que o pequeno tamanho do reservatório, suas baixas profundidades e a forma pouco dentrítica contribuíram para que seu comportamento limnológico se assemelhasse ao de um ambiente lótico. Foi capturado um total de 1988 espécimes de peixes, corrrespondendo a uma biomassa de 326,16kg, distribuídos em quatro ordens, 15 famílias e 35 espécies. Seis espécies introduzidas corresponderam a 32% da captura em número e 29% em biomassa. As assembléias nos pontos P1 e P2 se ajustaram ao modelo logarítmico de rank-abundância. A diversidade de Simpson foi alta (>70%), exceto na época de seca no P2. As espécies mais abundantes em número nos três pontos, em ordem decrescente de importância, foram Pimelodus maculatus, Satanoperca papaterra, Pinirampus pirinampu, Cichla piquiti, Cichla kelberii, Astyanax altiparanae, Schizodon nasutus e Serrasalmus maculatus. A variação sazonal da abundância teve correlação com o pH e com a transparência da água. Dentre as guildas reprodutivas, quatro espécies migradoras de longa distância tiveram a maior abundância em termos de números e biomassa. O grupo com o maior número de espécies foi o de espécies com cuidado parental, que também foi o segundo mais abundante em números e biomassa. Os carnívoros dominaram em números e biomassa, seguidos dos piscívoros e dos bentófagos. Esse fato, aliado às baixas abundâncias de iliófagos e herbívoros, sugere que a energia utilizada pela ictiofauna é de origem alóctone, de maneira similar a ambientes lóticos. Correspondência das espécies com os diferentes pontos esteve relacionada à heterogeneidade de habitats, disponibilidade de recursos alimentares e interações bióticas como predação e competição.

ASSUNTO(S)

comunidades de peixes paraná, rio, bacia ecologia paranaíba, rio (go e mg)

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