Composição de acidos graxos e quantificação de EPA e DHA de matrinxã (Brycon cephalus) e tambaqui (Colossoma macropomum) cultivados e capturados na Amazonia Central

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O elevado consumo de ácidos graxos ômega 6 e o reduzido consumo de ômega o interesse para pesquisa dos acidos graxos, principalmente em relação aos ácidos graxos poliinsaturados da família ômega 3 eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). Esse estudo tem como objetivo caracterizar os ácidos graxos dos lipídios totais (LT), das frações de lipídios neutros (LN) e fosfolipídios (FL) e determinar os teores de EPA e DHA nos músculos dorsais e no tecido adiposo da cavidade ocular do matrinxã (Brycon cephalus) e do tambaqui (Colossoma macropomum), provenientes de cultivo semi-intensivo e habitat natural, capturados na Amazônia Central, em diferentes períodos sazonais. Os LT foram fracionados em LN e FL por cromatografia em coluna clássica. Os extratos de LT, LN e FL foram metilados e os ésteres metílicos separados por cromatografia gasosa de alta resolução. No matrinxã foram detectados 64 ácidos graxos nos lipídios totais, 66 nos neutros e 55 nos fosfolipídios. Nos peixes de cultivo e nos capturados no habitat natural, os mesmos acidos graxos majoritários foram encontrados nos lipídios totais e nas frações e fosfolipídios, porem nos lipídios totais e neutros ocorreu uma inversão em relação aos peixes capturados na época da seca. Os peixes capturados durante o período da seca apresentaram menor teor de lipídios e maior percentual de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI). No tambaqui foram encontrados 61 ácidos graxos nos lipídios totais, 67 nos neutros e 63 nos fosfolipídios. Os principais ácidos graxos encontrados, nos lipídios totais, neutros e fosfolipídios, dos peixes de cultivo e de recurso natural foram: ácido oléico (18:1ro9), palmítico (16:0), esteárico (18:0) e linoléico (18:2ro6), porém, houve inversão da ordem dos principais ácidos graxos dos peixes de cultivo em relação aos capturados na natureza, no período da cheia e seca. O peixe de cultivo foi inferior aos de ambiente natural em relação à quantidade de AGPI, entretanto a razão ro6/ro3 do peixe de cultivo foi menor no músculo e no tecido adiposo da cavidade ocular do que nos peixes capturados no período da cheia. A menor razão ro6/ro3 (2,42), ocorreu no músculo dos peixes capturados na seca. O perfil de ácidos graxos para as duas espécies estava dentro do esperado para peixes tropicais de água doce, confirmando-se como fonte de AGPI, não havendo distinção de qualidade e quantidade entre o músculo e a cavidade ocular que possa assegurar um tecido como melhor fonte de AGPI que o outro. O matrinxã e o tambaqui capturados na natureza foram considerados melhores para o consumo, principalmente quando capturados na época da seca. A característica sazonal da Amazônia influenciou a composição de ácidos graxos das espécies em estudo. A separação das frações de lipídios mostrou que pode haver uma predominância de determinados grupos ou ácidos graxos nas diferentes classes de lipídios. Do ponto de vista tecnológico, o fracionamento dos lipídios totais em classes pode fornecer informações importantes para a indústria de pescado, para o preparo, armazenamento e concentração. de ácidos graxos. No matrinxã de cultivo, os resultados indicaram teores de EPA de 4,15mg/g e 3,64mg/g para o músculo e a cavidade ocular, respectivamente, enquanto para DHA os teores foram de 30,04mg/g e 22,78mg/g. Para os peixes capturados na cheia, a concentração de EPA foi de 5,25mg/g, 6,22mg/g, para o músculo e a cavidade ocular, enquanto que para o DHA, o teor foi de 10,26 mg/g e 18,74 mg/g em cada tecido, respectivamente. Para os peixes capturados na época da seca, os teores de EPA foram de 8,14 mg/g e 4,93 mg/g, e para DHA, de 61,31mg/g e 19,66mg/g, no músculo e cavidade ocular, respectivamente. De acordo com a quantidade diária de 200mg/dia sugerida para AGPI ro3 pelo Department of Health (considerando somente EPA e DHA, como fonte de AGPI ro3) um individuo necessitaria ingerir 62,39g/dia, 135,28g/dia e 59,38g/dia do músculo de matrinxã cultivado e dos capturados no período da cheia e seca, respectivamente. Para o tambaqui de cultivo, os resultados de EPA e DHA no músculo foram de 5,03mg/g e 25,1Omg/g e, para o tecido adiposo da cavidade ocular, foram de 4,41mg/g e 8,12mg/g, respectivamente. Para os exemplares capturados no período da cheia, os teores de EPA e DHA no músculo foram de 3,84mg/g e 14,15mg/g e para o tecido adiposo da cavidade ocular, de 5,54mg/g e 9,31mg/g, respectivamente. Para os peixes capturados na época da seca, os teores de EPA e DHA no músculo foram de 9,35mg/g e 40,18mg/g e para o tecido adiposo da cavidade ocular de 7,05 mg/g, e 8,95 mg/g. De acordo com a recomendação do Department of Health um indivíduo deveria ingerir 138,31g/dia, 444,74g/dia e 144,21g/dia do músculo de tambaqui de cultivo e dos capturados no habitat natural no período da cheia e seca, respectivamente.O matrinxã e o tambaqui apresentaram equilíbrio entre músculo e cavidade ocular para o ácido graxo EPA, enquanto um maior teor de DHA fio observado no músculo do que no tecido adiposo da cavidade ocular para as duas espécies, indicando que não é viável o aproveitamento deste tecido em escala industrial. De acordo com os teores de EPA e DHA, o matrinxã e o tambaqui, principalmente quando capturados na natureza, durante a época da seca, podem ser considerados uma fonte rica em ácidos graxos essenciais (AGE) da família ro3e ser indicado por nutricionistas quando o objetivo for balancear dietas, para melhorar a razão ro6:ro3.Os teores de EPA e DHA no músculo do tambaqui de cultivo foram superiores ao encontrados para o peixe de recurso natural capturado na época da cheia

ASSUNTO(S)

tambaqui (peixe) brycon acidos graxos peixe - amazonia

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