Comportamento evolutivo imediato e valor prognostico tardio da dosagem serica de troponina-I em pacientes submetidos a revascularização cirurgica do miocardio

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Introdução: Recentemente as troponinas têm recebido crescente atenção como marcadores altamente específicos de injúria celular miocárdica. As troponinas formam um complexo que regula a interação cálcio-dependente da míosina com a actma. Constituem-se em três diferentes proteínas (troponinas I, C e T), existentes tanto no músculo esquelético quanto cardíaco, e codificadas por diferentes genes. A troponina C é idêntica tanto no músculo esquelético como cardíaco, mas os genes codificadores das troponinas I e T, cardíaca e esquelética são diferentes, o que permitiu que anticorpos memocionais de reatividade cruzada extremamente baixa pudessem ser desenvolvidos facilitando o diagnóstico de sofrimento isquêmico da fibra miocárdica. A introdução da dosagem de troponinas na prática clínica diária dos vários centros cardiológicos tem facilitado enormemente o diagnóstico e a condução dos casos duvidosos e a melhor avaliação do grau de sofrimento miocárdico após eventos clínicos ou procedimentos cirúrgicos. No Brasil praticamente não há trabalhos clínicos ou cirúrgicos envolvendo o uso da dosagem sérica de troponina para avaliação de sofrimento miocárdico. Objetivo: O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de determinar o comportamento evolutivo imediato e o valor prognóstico em termos de sobrevivência tardia, da dosagem sérica de troponina I em pacientes submetidos a operações cardíacas para revascularização miocárdica. Casuística e Método: Foram analisados 108 pacientes, não selecionados, sendo 85 do sexo masculino (78,7%), submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio com ou sem auxilio de circulação extracorpórea, no período de dezembro de 1996 a dezembro de 1997. O método empregado na dosagem da troponina I foi o da Quimiluminescência, em equipamento Acess da Sanofi-Pasteur. Foram feitas dosagens no pré-operatório, logo na chegada na Unidade de Terapia Intensiva, no primeiro dia de pós-operatório e no segundo dia de pós-operatório, admitindo-se como normais valores abaixo de 0,1 nanogramas por mililitro (ng/ml). Foram estabelecidos níveis de corte para avaliação prognóstica. Os pacientes foram avaliados pós-operatoriamente, registrando-se a evolução em meses, com vistas a determinação das taxas de sobrevivência. O único evento levado em consideração foi o óbito de causa cardíaca. Foi admitida como sendo de causa cardíaca toda morte não decorrente de complicações neurológica, hemorrágica ou infecciosa primárias e também não decorrente de acidente ou trauma mecânico. Resultados: A dosagem de troponina I em pacientes submetidos a operações de revascularização miocárdica mostrou comportamento evolutivo agudo característico, com importante elevação dos níveis séricos no primeiro dia de pós-operatório. Pacientes operados com auxílio de circulação extracorpórea (CEC) mostraram níveis significativamente mais elevados, mas não houve correlação com tempo de isquemia ou tempo de CEC, sugerindo que a elevação da troponina I seja decorrente de sofrimento miocárdico específico (obstrução coronária nativa, oclusão de ponte, etc.) e não decorrente da CEC propriamente dita. Foi ainda possível determinar que os níveis de corte estabelecidos separam pacientes com mau prognóstico, uma vez que valores

ASSUNTO(S)

infarte do miocardio cirurgia cardiaca

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