Complicações após ressecções intestinais na doença de Crohn: há diferenças entre as vias convencional e videolaparoscópica?

AUTOR(ES)
FONTE

J. Coloproctol. (Rio J.)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013-09

RESUMO

INTRODUÇÃO: avanços significativos no tratamento medicamentoso da doença de Crohn (DC) ocorreram nos últimos 12 anos, principalmente após a introdução da terapia anti-TNF. A cirurgia laparoscópica colorretal representa um dos maiores progressos no tratamento cirúrgico minimamente invasivo da DC, bem como no manejo de outras afecções. Existe uma tendência a menores taxas de complicações com as ressecções intestinais laparoscópicas quando comparadas a cirurgia convencional. O objetivo deste estudo foi analisar e comparar as taxas de complicações após ressecções intestinais na DC entre as duas vias de acesso em uma série de casos brasileira. MÉTODO: estudo retrospectivo longitudinal, incluindo pacientes com DC submetidos a ressecções intestinais em um centro de referência brasileiro em doença inflamatória intestinal (DII), tratados entre janeiro de 2008 e junho de 2012, com cirurgia laparoscópica (CL) ou cirurgia convencional (CC). As variáveis analisadas foram: idade no momento da cirurgia, gênero, classificação de Montreal, tabagismo, medicações concomitantes, tipo de cirurgia, via de acesso, presença e tipo de complicação em até 30 dias do procedimento. Readmissão, reoperações e mortalidade também foram avaliadas. Os pacientes foram alocados em dois grupos de acordo com a via de acesso (CL ou CC), sendo as taxas de complicações comparadas entre si. Análise estatística foi realizada pelos testes de Mann-Whitney (variáveis quantitativas) e chi-quadrado (qualitativas), com p<0.05 considerado significativo. RESULTADOS: No total, 46 pacientes (25 homens) foram incluídos (16 operados por CL), com média de idade de 38,1 (± 12,7) anos. Os grupos foram considerados homogêneos em relação à idade, gênero, localização da doença, DC perianal e medicações concomitantes. Houve predomínio da forma fistulizante no grupo de cirurgias abertas (p = 0.029). O procedimento mais realizado foi a ileocolectomia direita em ambos os grupos (56,7% na CC e 75% na CL - p = 0.566). No total, complicações pós-operatórias (cirúrgicas e clínicas) ocorreram em 60% (18/30) dos casos após CC e 12,5% (2/16) após a CL (p = 0.002). Infecção da ferida operatória foi a complicação mais frequente (10/30 na CC e 1/16 na CL). Ocorreram 3 óbitos no grupo da CC. Em análise individualizada das complicações, não houve diferença entre os grupos em relação a sepse abdominal, infecções urinárias, pneumonia, reinternações, reoperações e óbitos (p=0.074). CONCLUSÕES: houve maior taxa de complicações nos pacientes operados por CC comparado a CL. A seleção de casos para cirurgia laparoscópica provavelmente contribuiu para este resultado, havendo uma tendência a utilização da cirurgia convencional nos casos mais graves, geralmente com DC abdominal fistulizante. A CL parece ser a via de acesso recomendada na maioria dos casos de DC não-complicada.

ASSUNTO(S)

doença de crohn cirurgia laparoscópica complicações

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