Complexo ofiolítico Quatipuru, Pará, Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Os tratos oceânicos existentes entre os blocos continentais descendentes do supercontinente Rodínia são registrados na Faixa Araguaia por meio de corpos ofiolíticos. Tais corpos frequentemente não apresentam a clássica pseudo-estratigrafia de ofiolitos, sendo representados principalmente por peridotitos mantélicos serpentinizados e derrames basálticos. Dois dos maiores e mais bem preservados complexos ofiolíticos da Faixa Araguaia, o Complexo Quatipuru e o Complexo Morro do Agostinho compreendem uma associação de peridotitos serpentinizados e pillow-lavas basálticas. A sequência mantélica é composta por um arranjo interacamadado de harzburgito e dunito. Tais rochas abrigam uma suíte de diques e sills piroxeníticos e gabróicos, além de pods de cromitito com texturas nodulares e envelopes duníticos, típicos de complexos ofiolíticos. As relações litoestruturais entre os peridotitos mantélicos, a suíte de diques e os pods de cromitito apontam uma associação característica da zona de transição de Moho, e relatam uma história de múltiplos estágios magmáticos e tectônicos operantes durante a edificação de litosfera oceânica. Estudos de litogeoquímica e química mineral demonstram a natureza depletada e residual dos peridotitos, bem como sua similaridade com peridotitos do tipo MORB e/ou de SSZ (supra-subduction zone). A cromita dos cromititos é do tipo alto-Al com baixos teores de EGP, sugerindo filiação de líquidos MORB, formados em zona de expansão oceânica sobre uma zona de subducção (SSZ), à semelhança de outras sequências ofiolíticas da América do Sul e Central. Dados isotópicos de Sm-Nd corroboram o caráter MORB desta seqüência ofiolítica, dado por valores positivos de εNd de basaltos (εNd= +5) e diques gabróicos (εNd= + 6,7) que cortam os peridotitos. Tais diques foram utilizados na obtenção de uma idade isocrônica Sm-Nd de 757 49 Ma, que marca o estágio de oceanização da Faixa Araguaia. O ambiente tectônico inferido para a associação espacial de peridotitos mantélicos e pillow-lavas do Complexo Quatipuru-Morro do Agostinho é uma zona de expansão oceânica próxima a uma zona de falha transformante, a exemplo de associações semelhantes descritas em litosfera oceânica moderna (e. g., falhas transformantes de Terevaka e Garrett). A obducção desta litosfera oceânica em terrenos da Faixa Araguaia constitui-se como marcador de zonas de sutura na amalgamação do paleocontinente Gondwana Oeste. A similaridade de terrenos da Faixa Araguaia com sua extensão sul que bordeja o Cráton Amazônico, a Faixa Paraguai, juntamente com suas contrapartes em território africano e sul-americano, a Faixa Mauritanides-Bassarides-Rokelides e a Faixa Pampeana, respectivamente, demonstra que tais faixas são cronocorrelatas e co-partícipes da evolução de ciclos de fragmentação e edificação de paleocontinentes.

ASSUNTO(S)

podiform chromitite gondwana oeste faixa araguaia west gondwana araguaia belt, quatipuru-morro do agostinho neoproterozoic ophiolite ofiolito neoproterozóico geologia cromitito podiforme quatipuru-morro do agostinho

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