Comparação de aspectos clínicos e diagnósticos da leishmaniose visceral entre portadores e não portadores do vírus da imunodeficiência humana

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Com o objetivo de descrever e comparar dados demográficos, clínicos e diagnósticos da leishmaniose visceral (LV) entre pacientes infectados e não infectados pelo HIV, um estudo retrospectivos foi realizado através da análise de prontuários de pacientes avaliados entre janeiro de 2000 e dezembro de 2005 em duas unidades de referência em Belo Horizonte: ambulatório do Centro de Referência em Leishmanioses (CPqRR/FIOCRUZ) e ambulatório e unidade de internação do Hospital Eduardo de Menezes (HEM/FHEMIG). Foram considerados casos de LV: i) Reação de imunofluorescência indireta positiva (RIFI) associada a pelo menos duas das seguintes manifestações; febre, anemia/citopenia, esplenomegalia/hepatomegalia, ou ii) detecção de DNA de Leishmania por PCR ou identificação destes parasitos através da pesquisa direta ou cultivo de aspirado esplênico, hepático ou de medula óssea. Os pacientes sem resultado de exame anti-HIV ou história de LV tratada há mais de 72 horas da admissão forma excluídos. Foram incluídos 65 pacientes. A média de idade foi 37,6 anos (± 12,1 anos) e 81,5% dos pacientes era do sexo masculino. Vinte e sete pacientes eram infectados pelo HIV, com contagem mediana de CD4 = 115 céls/mm3. A maioria dos pacientes co-infectados (74%) apresentou CD4 <200 céls/mm3. A freqüência do uso de drogas injetáveis não diferiu entre os grupos mas alcoolismo foi mais comum entre os pacientes infectados pelo HIV (p<0,05). A tríade clássica da LV (febre, anemia/citopenia, espleno/hepatomegalia) foi igualmente freqüente entre pacientes HIV-positivos e HIV-negativos (70,4% vs. 76,5% p=0,6). Os pacientes co-infectados apresentaram maior freqüência de hiperglobulinemia, hipoalbuminemia e linfopenia, enquanto que os pacientes não infectados apresentaram maior ocorrência de hiperbilirrubinemia. Após 10 a 15 dias de tratamento específico para a LV, febre, anemia, leucopenia e eosinopenia foram significativamente mais freqüentes entre os pacientes HIV-positivos. Este grupo ainda apresentou níveis plasmáticos de creatinina mais elevados. A chance ajustada de resolução de todas as manifestações clínicas após 10 a 15 dias de tratamento foi significativamente menor entre infectados pelo HIV (OR = 0,04, IC 95% = 0,01-0,45), na presença de esplenomegalia, (OR = 0,06, IC 95% = 0,01-0,69) ou quando o número de manifestações clínicas foi superior a três (OR = 0,12, IC 95% = 0,02-0,74) à admissão. Leishmânias foram identificadas em 74% dos pacientes infectados pelo HIV e em 53% dos pacientes HIV-negativos (p=0,08). A RIFI foi mais sensível entre os pacientes HIV-negativos (86,4% vs. 45,5%; p<0,01). A sensibilidade do anti-rK39 (ELISA) não diferiu entre os pacientes HIV-positivos e HIV-negativos (50% vs. 92,3% respectivamente; p=0,052).

ASSUNTO(S)

leishmaniose visceral decs dissertações acadêmicas decs dissertação da faculdade de medicina. ufmg. doenças transmissíveis decs síndrome de imunodeficiência adquirida decs infecções por hiv decs

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