Comorbidades de transtornos mentais e comportamentais entre pacientes com dependência química em diferentes períodos de abstinência

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/08/2011

RESUMO

Introdução: Pacientes com dependência de substâncias psicoativas (SPA) podem ter outros transtornos mentais e comportamentais (TMC) associados, e essas comorbidades podem alterar a sintomatologia e interferir no diagnóstico, tratamento e prognóstico de cada uma das doenças. Objetivos: Avaliar a frequência de comorbidades de TMC em pacientes dependentes de SPA atendidos em Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS-ad), e os seus sentimentos em relação ao próprio uso dessas substâncias. Além disso, comparar dados sociodemográficos, condições relacionadas à infância e características clínicas entre aqueles com ou sem comorbidades. Método: Avaliamos consecutivamente, pacientes adultos no período de abril a setembro de 2010 nos dois CAPS-ad de Uberlândia MG, excluindo os que estavam sob o efeito de SPA, com crises de abstinência ou com demência. Eles foram divididos de acordo com o tempo de abstinência: <1 semana (Grupo 1), de 1 a 4 semanas (Grupo 2) e >4 semanas (Grupo 3). Para o diagnóstico de comorbidades utilizamos o Checklist de sintomas da CID-10 e coletamos informações em prontuários. Utilizamos um questionário estruturado para a coleta dos dados analisados. Resultados: Entre os 188 pacientes avaliados, 62,8% foram diagnosticados com alguma comorbidade de TMC, que foram mais frequentes (p <0,05) no Grupo 1 (72%) do que no Grupo 3 (54,2%) e o que os diferenciou foi a maior frequência de transtornos depressivos e de outros transtornos de ansiedade no primeiro (61,3% e 34,6% respectivamente); ambos os grupos foram semelhantes ao Grupo 2 (61,0%). Pacientes com comorbidades mais frequentemente do que aqueles sem comorbidades, respectivamente, sofreram maus tratos na infância incluindo abuso sexual (67,8% e 42,8%), perceberam que apresentavam outro TMC (84,7% e 37,1%) e transtornos psicológicos (79,7% e 44,3%) além da DQ, fizeram uso de medicamentos psicotrópicos (81,4% e 37,1%) e tratamentos anteriores para DQ (88,1% e 70,0%), tiveram lesões por causas externas (84,7% e 68,6%), estiveram envolvidos em brigas ou agressões (71,2% e 50,0%), tentaram suicídios (45,8% e 15,7%) e estiveram em ambientes controlados ao longo da vida (72,9% e 57,1%). As características sociodemográficas foram semelhantes entre os pacientes com ou sem comorbidades, e também entre aqueles com diferentes períodos de abstinência. A maioria dos pacientes (59,4%) apresentava sentimentos negativos em relação ao próprio uso de SPA. Conclusão: Dois terços dos pacientes tiveram diagnóstico de comorbidade de TMC, sendo mais frequentes entre aqueles com menores períodos de abstinência, o que mostra que algum tempo de abstinência deve ser aguardado antes que esses diagnósticos sejam dados como definitivos. Presença de comorbidades associou-se a piores condições clínicas e não encontramos diferenças em relação aos dados sociodemográficos entre os pacientes com ou sem comorbidades. Entre todos, houve predomínio de sentimentos negativos em relação ao próprio uso de SPA.

ASSUNTO(S)

comorbidades de transtornos mentais e de comportamento dependência química Álcool epidemiologia ciencias da saude ciências médicas doenças mentais comportamento humano toxicomania comorbidade comorbidity of mental and behavioral disorders drug addiction alcohol epidemiology

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