Clínica ou cirurgia: um estudo sobre razões da escolha da especialidade

AUTOR(ES)
FONTE

Sao Paulo Medical Journal

DATA DE PUBLICAÇÃO

2004-05

RESUMO

CONTEXTO: A realidade da Medicina no Brasil aponta para uma expansão e uma diversificação do conhecimento médico e uma variedade altamente especializada de serviços médicos. Entretanto há poucos estudos a respeito da escolha da especialidade médica em nosso país. OBJETIVO: Investigar e caracterizar o processo da escolha da especialidade médica em um grupo de residentes brasileiros, comparando a opção pela clínica médica e pela cirurgia. TIPO DE ESTUDO: pesquisa através de amostra estratificada e randomizada. LOCAL: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). MÉTODOS: Há uma diferença significativa no momento da escolha entre as duas especialidades. Cirurgiões escolhem mais cedo a especialidade, antes mesmo do início do curso (30%), enquanto a decisão dos clínicos é progressiva ao longo do tempo, principalmente nos dois últimos anos, no internato (43%). A maioria dos residentes das duas especialidades (73% na clínica e 70% na cirurgia) chegou a considerar outra especialidade, mas mostrou-se bastante satisfeita com a escolha realizada. As principais razões de escolha pela clínica disseram respeito especialmente ao contato com o paciente (50%), ao gostar mais de atividades intelectuais (30%) e aos conhecimentos da área (27%). Para os cirurgiões, as principais razões de escolha disseram respeito ao tipo de intervenção prática e objetiva (43%), ao gostar de atividades manuais (43%) e aos resultados obtidos na área rápidos e concretos (40%). A personalidade foi importante na escolha da especialidade para 20% dos clínicos e 27% dos cirurgiões. DISCUSSÃO: As razões da escolha pela clínica médica ou cirurgia neste estudo foram bem consistentes com os dados da literatura. Parece que os conceitos de "querer ser clínico" ou "querer ser cirurgião" são semelhantes no mundo. Características de personalidade foram fatores influenciadores importantes mencionados pelos residentes em geral, sem diferença estatística entre as especialidades. Entretanto, na análise qualitativa, a personalidade diferiu nas duas especialidades. Estilo de vida configurou-se da mesma forma. Remuneração não apareceu como determinante. CONCLUSÃO: Em geral, os resultados obtidos no Brasil reafirmam estudos realizados em outros países com características sociais e educacionais bastante diversas. Esta congruência indica que a escolha da especialidade médica é um processo vocacional que envolve desejos e necessidades muito similares e pouco dependente do contexto educacional do aluno.

ASSUNTO(S)

profissão especialidades médicas educação médica brasil

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